Houve menos 105 mil viaturas a circular no primeiro semestre face ao último ano pré-covid, mas Brisa faturou mais 1,5 milhões de euros. Autoestradas que mais cresceram foram A6 e A9.
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O tráfego nas autoestradas portuguesas ainda está 2,9% abaixo da média pré-pandemia, mas a quantia arrecadada pela Brisa em portagens no primeiro semestre deste ano foi a mais elevada dos últimos seis anos.
Analisando dados da concessionária conclui-se que, entre janeiro e junho, houve menos 105 mil viaturas nas autoestradas do que em igual período de 2019, o último ano antes da chegada do novo coronavírus. Apesar disso, a Brisa embolsou mais 1,5 milhões do que há três anos, também fruto dos aumentos anuais. Em média, os donos dos veículos pagaram mais 2,83 euros em portagens na primeira metade de 2022 do que no mesmo período de 2019.
Entre janeiro e junho deste ano circularam, em média, 19 259 viaturas por dia nas autoestradas da Brisa (3 485 879 no total dos seis meses), contra as 19 839 por dia do primeiro semestre de 2019 (3 590 859 de janeiro a junho). Ou seja: nos seis meses iniciais de 2022 houve, diariamente e em média, menos 580 veículos nas autoestradas face ao primeiro semestre de 2019, o que equivale a uma redução de 104 980 viaturas.
82€ por carro em 6 meses
Embora tenha havido menos tráfego este ano do que em 2019, as receitas em portagens da Brisa subiram. No primeiro semestre de 2019, a empresa arrecadou 285,8 milhões de euros, ao passo que, em igual período de 2022, recebeu 287,3 milhões - mais 1,5 milhões. Ainda assim, a Brisa já anunciou que as portagens poderão vir a ter um aumento "significativo" [ler caixa]. Isto porque a atualização tem como referência a inflação de outubro.
A subida de receita em portagens significa que os utilizadores pagaram, em média, mais 2,83 euros em 2022 do que em 2019. Este valor é a diferença entre os 82,42 euros desembolsados por viatura, em média, no primeiro semestre de 2022 (calculados dividindo a receita desses seis meses pelo número de veículos que então circularam) e os 79,59 euros pagos em igual período de 2019.
Os 287,3 milhões de euros recebidos em portagens no semestre foram a quantia mais elevada arrecadada pela Brisa desde, pelo menos, 2016 (comparando com as receitas dos primeiros semestres). Face ao período homólogo de 2021, deu-se uma subida de 31,1%.
recuperação face a 2021
O tráfego médio diário subiu 31,3% face ao ano anterior, o que colocou a média atual a apenas 2,9% da do último ano pré-pandemia. Em 2021 - altura em que ainda vigoraram restrições devido à covid-19 -, tinha havido uma média de 14 663 veículos por dia e 2 654 003 entre janeiro e junho nas autoestradas. Ou seja, menos 4596 viaturas por dia do que em 2022.
As autoestradas que tiveram maiores aumentos de tráfego em 2022 foram a A6 (que liga Palmela e Elvas), com mais 41,9% face a 2021, e a A9 (ou CREL, em Lisboa), que registou mais 39,3%. A menor subida verificou-se na A14 (de Coimbra à Figueira da Foz), com mais 16,75%. Nenhuma autoestrada registou valores abaixo dos de 2021.
INFLAÇÃO
Governo em silêncio sobre possível subida de 10% no preço
O Governo não esclarece se aceita ceder ao líder da Brisa, António Pires de Lima, compensando a empresa para que esta não ajuste o preço das portagens à inflação. Em julho, em entrevista à Antena 1 e ao "Jornal de Negócios", Pires de Lima disse que, "se o Estado não fizer nada" e não tomar medidas "que compensem a Brisa", o preço das portagens em 2023 será ajustado à inflação. No mês passado, esta chegou aos 8,9%, pelo que o líder da concessionária alertou que os custos deverão "aumentar e com algum significado". O JN contactou o Ministério das Infraestruturas sobre as intenções do Executivo, mas não teve resposta. A Brisa lucrou 91,8 milhões de euros no primeiro semestre de 2022 - mais 10,2% que em 2019, último ano pré-covid.