Carneiro apoia ação do Governo e diz que está a ser feito tudo sobre portugueses detidos
O líder do PS apoiou, esta quinta-feira, a posição do Governo sobre os portugueses detidos pelas autoridades israelitas e considerou que o Estado está "a fazer tudo o que pode", escusando-se a qualquer "juízo de valor" sobre "atitudes individuais".
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"Neste momento o Estado, pelas informações que disponho, está a fazer tudo o que pode fazer. Devo dizer que tive que o fazer muitas vezes quando era secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que é assegurar a proteção diplomática e consular a quem se vê em circunstâncias difíceis ou mesmo nestas circunstâncias", respondeu José Luís Carneiro aos jornalistas em Estremoz, à margem de uma ação de campanha para as autárquicas.
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Questionado sobre se concorda com a ação do Governo relativamente aos três portugueses que integravam a flotilha humanitária que ia rumo a Gaza e que foram detidos pelas autoridades israelitas, o líder socialista referiu que se trata de matérias de Estado e estas "têm o apoio do Partido Socialista".
"Não faço juízo de valor sobre aquilo que são atitudes individuais na expressão de uma liberdade, de uma autonomia e também de uma responsabilidade que as pessoas assumem na sua vida pessoal", respondeu, quando interrogado sobre se, do ponto de vista político se revia na ação destes três portugueses, entre os quais está a coordenadora do BE, Mariana Mortágua.
Segundo José Luís Carneiro, "o Governo português tudo deve fazer para assegurar a proteção diplomática e consular aos portugueses que se encontram naquelas circunstâncias", acrescentando que uma dessas "portuguesas é mesmo titular de um órgão de soberania".
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Questionado sobre o porquê de na véspera, e apesar da insistência dos jornalistas quer antes quer depois da detenção, não ter respondido a perguntas sobre este tema, Carneiro explicou que "estava prevista a reação da bancada parlamentar", João Torres, da Comissão dos Negócios Estrangeiros.
O líder do PS foi ainda questionado sobre se tinha falado com o Governo português ou com o BE sobre esta matéria, mas escusou-se a responder.
Confrontado sobre países que têm tido uma posição mais crítica em relação a Israel, o líder do PS referiu que "na matéria da política externa, há um diálogo entre o Governo e o Partido Socialista".
"E as posições que temos assumido são posições que são consentâneas com aquilo que é a posição do Estado português, assumidas quer no quadro da Organização das Nações Unidas, quer no quadro da União Europeia e, portanto, aqui há um entendimento e um diálogo e uma cooperação, como, aliás, fica o patente na declaração que foi feita pelo Partido Socialista a propósito do reconhecimento do Estado da Palestina", disse.
O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, classificou como panfletária e irresponsável a participação de portugueses na flotilha humanitária rumo à Faixa de Gaza, sublinhando estar sempre "pelo lado da democracia e da liberdade".
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O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai receber hoje em audiência uma delegação do Bloco de Esquerda, a pedido do partido liderado por Mariana Mortágua, que foi detida por Israel na quarta-feira à noite.
A porta-voz do grupo italiano de ativistas participantes na ação humanitária "Global Sumud" (Resistência Global, em Árabe), Maria Elena Delia, declarou que 39 navios da flotilha foram intercetados pelas Forças de Defesa de Israel, (IDF, na sigla inglesa), seguindo ainda para a Faixa de Gaza alguns navios mais pequenos, que devem ter o mesmo destino.
Entre os detidos encontram-se a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz portuguesa Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte.