Catarina Martins diz que silêncio de Costa sobre contradições do Governo é "insustentável"
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) afirmou, este domingo, que o "primeiro-ministro tem de vir falar e com urgência" sobre as mais recentes polémicas relacionadas com a TAP, onde se inclui o caso de João Galamba e do ex-adjunto do ministro. Sábado, o ministro das Infraestruturas disse que foi chamado o Serviço de Informações de Segurança (SIS), depois de Frederico Pinheiro ter levado um computador da tutela, após ter sido exonerado.
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"É verdadeiramente insustentável que António Costa continue sem se pronunciar. São casos que envolvem vários ministros e contradições dentro do Governo e que envolvem o funcionamento do próprio Governo", afirmou Catarina Martins aos jornalistas, este domingo, à margem de um festival de cinema que está a decorrer no Porto.
A coordenadora do BE foi questionada sobre o caso de João Galamba e do ex-adjunto do ministro Frederico Pinheiro, que têm versões contraditórias sobre a existência de notas pessoais da reunião entre o grupo parlamentar do PS e a então CEO da TAP. O encontro aconteceu antes de Christine Ourmières-Widener ser ouvida numa audição parlamentar, em janeiro, sobre a polémica indemnização de 500 mil euros à ex-secretária de Estado Alexandra Reis.
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Nas últimas semanas surgiu também a polémica sobre a disponibilização dos documentos jurídicos à comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, que justificariam o despedimento por justa causa de Christine Ourmières-Widener, em março. O ministro das Finanças, Fernando Medina, afirmou mais tarde que, afinal, a fundamentação jurídica da demissão da então CEO da TAP tinha por base a auditoria da Inspeção Geral das Finanças. Não havendo, por isso, um parecer adicional. Isto já depois de duas ministras Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva terem confirmado a existência de um parecer jurídico e de terem justificado o não envio do alegado documento à comissão parlamentar de inquérito.
Questionada sobre se o silêncio de António Costa acerca destas polémicas em torno da companhia aérea era "estratégico", a também deputada bloquista respondeu: "Não sei se é estratégico, mas é uma péssima estratégia para o país o primeiro-ministro não dar explicações quando é preciso".
"Temo que a TAP seja um sintoma do modo de funcionamento do Governo", disse Catarina Martins. A coordenadora do partido reforçou ainda que foi pedido pelo BE, no âmbito da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, o "conteúdo do computador do ex-adjunto do ministro das Infraestruturas", entretanto devolvido e que estará à guarda da Polícia Judiciária para perícias.
Carlos César disse, no sábado, que o primeiro-ministro deve avaliar se há ou não necessidade de "algum refrescamento" no Governo. Em entrevista ao jornal "Público", o presidente do PS considerou ser preciso "maior rigor e disciplina" para evitar casos como os que têm envolvido a TAP. "Julgo que mesmo no PS há quem veja que há uma situação de absoluta fragilidade no Governo e que, portanto, é preciso agir", afirmou Catarina Martins sobre as declarações de Carlos César.