Chega pede esclarecimentos por escrito a Marcelo sobre caso das gémeas brasileiras

“O regimento não permite que o presidente da República (PR) seja chamado às comissões parlamentares. E, por isso, no âmbito da boa relação que deve existir entre a AR e o PR, optámos por fazer um requerimento escrito, ao qual o PR não tem obrigação de responder. Mas que entendemos, que até para o próprio presidente da República poderá ser útil de ser respondido”, anunciou André Ventura, numa declaração aos jornalistas no Parlamento.  

Para o líder do Chega, é essencial que Marcelo esclareça se “teve ou não qualquer interferência nesse processo, se falou com algum governador, se conhecia, por si ou por algum familiar seu, os intervenientes beneficiários desta operação e se teve alguma influência direta ou indireta na obtenção da nacionalidade em 14 dias”, afirmou.  

“Todos percebem que isto é absolutamente contra a lei, porque ninguém obtém a nacionalidade em 14 dias. Também é importante perceber em que quadro é que isto aconteceu”, acrescenta.  

O Chega pretende ainda chamar ao Parlamento o ex-secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, uma vez que, “segundo a informação veiculada ao público, terá sido esse secretário de Estado que terá sido, digamos assim, o intermediário entre o pedido feito por um órgão de soberania e o próprio hospital”, afirma.  

“É importante perceber os contornos disto. E é importante perceber se quer o secretário de Estado Lacerda Sales, quer a ex-ministra da Saúde, Marta Temido, poderão ter tido este papel”, refere.  

Para André Ventura, esta “influência nunca poderia materializar-se sem que alguém no Governo a executasse. E sem que alguém no Governo fizesse o seu papel intermediário”, nota.  

Já esta tarde, a Iniciativa Liberal também anunciou que vai apresentar um requerimento, no Parlamento, para ouvir Marta Temido, ex-ministra da Saúde, e as anteriores e a atual administração do Hospital de Santa Maria, na sequência do caso das gémeas luso-brasileiras que receberam um tratamento de quatro milhões de euros.

Recorde-se que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) também anunciou, a 6 de novembro, a abertura de um processo de inspeção sobre o “processo de prestação de cuidados de saúde às duas crianças para verificar se foram cumpridas todas as normas aplicáveis a este caso concreto".

Tal como o JN noticiou, o CA do Santa Maria recebeu uma carta dos neuropediatras do hospital sobre o caso de duas bebés luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal que receberam o medicamento que custa perto de dois milhões de euros, alegadamente após "cunha" de Marcelo.

O presidente da República garantiu que não falou com ninguém sobre o caso das duas bebés e ameaçou agir judicialmente “se aparecer alguém” que diga o contrário. Afirmou ainda que "não se trata do dever da defesa da minha honra", mas sim "o dever da defesa do presidente da República".