Apesar de quererem, muitos cidadãos europeus não conseguem ter suficiente influência na política da União Europeia. Esta é uma das conclusões da Semana Europeia das Regiões e Cidades, que terminou esta quinta-feira em Bruxelas, onde a Europa prometeu abrir mais a porta aos jovens.
Corpo do artigo
O número recorde de 17 mil participantes registado na 19ª Semana Europeia das Regiões e Cidades, um evento anual que terminou esta quinta-feira em Bruxelas, é revelador da vontade dos cidadãos em se envolverem nas decisões políticas da União Europeia. Contudo, um inquérito feito aos mesmos participantes também revelou que a maioria assume não dispor de veículos concretos de participação nas decisões.
"Estamos a pôr muita pressão nos Estados Membros e no âmbito do quadro 2021-2027 estamos a insistir para que haja uma maior relação na participação dos cidadãos", afirmou Elisa Ferreira, comissária europeia para a Política de Coesão e Reformas. Na sessão de encerramento da Semana Europeia, a comissária portuguesa sublinhou que "as mudanças precisam dos mais jovens, que podem ser atores e influenciar".
O presidente do Comité Europeu das Regiões, Apostolos Tzitzikostas, frisou que as cidades e as regiões "são o nível de maior proximidade para os cidadãos", que querem estar envolvidos, mas não dispõem de meios para o conseguir: "A culpa é deles? Não, é nossa. A única forma de o fazer é através das cidades e regiões". O grego assumiu que a Europa "tem de abrir as portas e as janelas para que entre este ar fresco", leia-se novos intervenientes, numa declaração corroborada por Elisa Ferreira: "Temos de envolver as pessoas"
A comissária europeia lembrou que "estamos numa altura especial" em que "a economia foi abaixo" mas precisa de recuperar com os planos de recuperação e resiliência e com o quadro comunitário 2021-2027. Elisa Ferreira avisou que os fundos "não devem ser um objetivo, mas um meio para o desenvolvimento" materializado na construção de uma Europa "mais verde, mais digital e mais coesa".
O inquérito feito aos participantes da Semana Europeia das Regiões e Cidades expôs ainda densas clivagens entre o processo de digitalização educativo e infraestrutural entre regiões urbanas e rurais, bem como entre países centrais e periféricos, para além de insistir na necessidade de intensificar o processo de educação para o ambiente e acelerar medidas concretas de descarbonização e incremento da sustentabilidade.
A Semana Europeia das Regiões e Cidades é o maior evento europeu dedicado à política de coesão e decorreu durante quatro dias em Bruxelas, sob o lema "Juntos pela Recuperação", dedicado aos temas da Coesão, Transição Verde, Transição Digital e Participação dos Cidadãos.