Passos Coelho fez, esta segunda-feira, a apresentação do livro "Identidade e Família", que inclui textos de vários autores conservadores contra a "ideologia de género" ou a "cultura de morte". Alegou que "cada vez mais" se incute "ideologia" nas escolas, criticou a eutanásia e reafirmou a sua ideia sobre a imigração.
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Na livraria Buchholz, em Lisboa, e já na parte final do discurso - que durou quase uma hora -, Passos criticou o "exacerbamento de multiplicação de identidades". Considerando que este fenómeno pretende "dividir e estigmatizar aqueles que pensam de maneira diferente", argumentou: "Devemos rejeitá-lo e isso não tem nada de radical".
"Não podemos, sob a acusação de radicalismo, ceder a valores que não são os nossos", reforçou Passos Coelho, sendo muito aplaudido. Deu como exemplo a questão religiosa, considerando que deve haver "espaço para todos" em Portugal desde que isso ocorra à custa dos "70% ou 80%" que professam o credo maioritário.
Critica o "vício" de colar "rótulos" e ironiza: "Eu fui fascista imensas vezes"
Passos Coelho insurgiu-se contra os "rótulos" que são colocados às pessoas "com intenção clara de desqualificar, diminuir e condicionar" adversários. Alertando que este "vício" já se intalou em vários outros países, disse ser "fácil" que ele "descambe" no uso abusivo de palavras como "neoliberal", "ultramontano", "extremista" ou "fascista". "Eu fui fascista imensas vezes", ironizou.
Ressalvando que, enquanto político, nunca se incomodou com estas questões, Passos revelou sentir-se perturbado "enquando cidadão". Sustentou que, ao serem usadas no espaço público, estas "caricaturas excessivas" criam um debate mais "pobre" e "radicalizado", não deixando espaço a "compromissos" e à "tolerância".
Também voltou a falar sobre segurança, tema que tinha abordado durante a campanha eleitoral e que causou polémica, uma vez que, na altura, o relacionou com a imigração. Desta vez, explicou-se mas não desarmou: "Há pessoas muito sensíveis", atirou, arrancando alguns risos à plateia.
O antigo primeiro-ministro observou que, ainda que a imigração "não se reduza a um problema de segurança", há "certos procedimentos" que deveriam ser "acautelados" nas alturas em que os fluxos de entrada de estrangeiros no país são "mais intensos". Lembrou que isso já é feito em vários países.
Sobre a eutanásia, Passos lamentou que as políticas públicas "ajudem as pessoas a morrer em vez de lhes darem condições" para viver melhor, ouvindo de novo muitas palmas. No seu entender, quem está em sofrimento precisa de "tratamento muito especial", e não há "ninguém melhor do que a família" para ajudar nesse enquadramento.
Na sessão estiveram presentes o líder do Chega, André Ventura, bem como Diogo Pacheco de Amorim, deputado do mesmo partido e recentemente eleito vice-presidente do Parlamento. O ministro da Defesa e líder do CDS, Nuno Melo, esteve igualmente na apresentação do livro.