Telemedicina tem vantagens, mas hospitais apontam dificuldades.
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A maioria dos hospitais reconhece que a realização de teleconsultas, em situações que cumpram critérios clínicos para tal e em complementaridade com as consultas presenciais, contribui para aumentar o acesso dos utentes a cuidados de saúde, nomeadamente a especialidades não disponíveis na instituição onde o doente é seguido ou a consultas de segunda opinião.
A maior parte (42) das 49 entidades inquiridas pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), no âmbito do estudo sobre a atividade de telemedicina no SNS, realiza teleconsultas diretamente aos seus próprios doentes, 21 fazem teleconsultas a utentes de outras instituições e 14 solicitam teleconsultas a outras instituições mais diferenciadas. Há um total de 11 entidades com acordos de cooperação ou protocolos em diferentes especialidades médicas.
No que respeita aos meios utilizados pelos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para a realização de teleconsultas, o mais mencionado foi o contacto telefónico, o que, segundo a reguladora, confirma "a adoção transversal do conceito de teleconsulta veiculado pela circular normativa da ACSS de fevereiro de 2021". Segue-se a utilização da videoconferência e da plataforma Registo de Saúde Eletrónico Live. Depois, surge o correio eletrónico e outros sistemas.
Exclusão dos idosos
Questionados sobre as dificuldades sentidas na realização de teleconsultas, mais de metade das entidades inquiridas (27) alerta para as dificuldades técnicas sentidas pelos utentes e, a este propósito, reitera o "potencial perigo de exclusão de populações com menor nível de literacia digital", como são os idosos.
Os hospitais apontaram, também, "alguns entraves decorrentes das plataformas oficiais atualmente utilizadas", "frequentemente consideradas pouco "user friendly" e inadequadas face aos recursos tecnológicos (ou mesmo materiais) existentes nas instituições, contribuindo para tornar o processo de efetivação da teleconsulta muito moroso e desgastante", lê-se no relatório da ERS.
54 especialidades em que são realizadas teleconsultas foram reportadas pelas instituições de saúde à Entidade Reguladora da Saúde. A dermatovenereologia foi a mais mencionada pelos hospitais (60%), seguindo-se a pediatria (54%) e a cardiologia (48%)
43 instituições de saúde consideram as consultas subsequentes como as situações mais adequadas para a teleconsulta. Apenas 29 prestadores entendem que a teleconsulta é adequada para primeiras consultas e 18 para o seguimento de doentes cirúrgicos.