O secretário-geral do PS vincou, esta quinta-feira, que, no caso da prisão preventiva do ex-primeiro-ministro José Sócrates, tem de haver uma absoluta separação tanto entre vida privada e pública, como entre os poderes político e judicial.
Corpo do artigo
Uma resposta dada por António Costa já na parte final da sua entrevista à SIC, que durou cerca de 35 minutos, depois de interrogado se é verdade que as suas relações pessoais com José Sócrates estão abaladas pela forma como reagiu à prisão, separando o PS do caso, e sobre qual a razão para só o ter visitado até agora uma vez na prisão de Évora.
Mas António Costa nada esclareceu, alegando então ser necessária uma separação entre as esferas pública e privada.
"Não estou aqui obviamente para falar das relações pessoais e estou aqui como secretário-geral do PS. Quem exerce funções políticas tem de saber distinguir bem aquilo que é a sua esfera pública e aquilo que é a sua esfera privada. Já estou há muitos anos na vida pública e há muitos anos que o tenho sabido fazer", disse, lembrando que, no passado, tanto como ministro da Justiça, ou como ministro da Administração Interna, nunca confundiu os dois planos.
Perante a insistência na questão das suas relações pessoais atuais com José Sócrates, António Costa reagiu: "A vida pública é a vida pública, a vida privada é a vida privada".
António Costa apenas acrescentou que a sua visita à prisão de Évora, em janeiro passado, foi de caráter privado.
"Aquilo que como secretário-geral do PS me cumpre fazer é aquilo que acho que é adequado institucionalmente fazer, ou seja, uma clara separação entre o domínio político, aquilo que cabe ao PS, e aquilo que é do domínio da justiça, que cabe às instituições judiciárias", advogou.
Interrogado se essa separação entre funções institucionais e pessoais lhe dói no plano pessoal, o secretário-geral do PS citou uma frase que usava nos tempos em que exerceu as funções de ministro da Justiça no segundo Governo de António Guterres.
"Os ministros da Justiça têm de ter a seguinte qualidade: Suficiente coração para não se deixarem condoer com quem sofre, mas nervos de aço para nunca perderem o sentido de Estado em qualquer circunstância", referiu, numa alusão indireta ao caso Sócrates.