"Aqui não há nenhuma esquadra. Aqui ser uma oficina", assegurou, ao JN, o proprietário do espaço, situado na zona industrial da Varziela, em Vila do Conde.
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A morada consta do relatório da Organização Não Governamental (ONG) Safeguards Defenders como um dos locais onde funcionaria uma das 54 esquadras ilegais da polícia chinesa em território estrangeiro. A denúncia da ONG, levada, na quinta-feira, ao Parlamento pela Iniciativa Liberal (IL), diz que estas esquadras fazem parte de uma "grande campanha nacional" do governo chinês de combate à fraude, que, entre abril de 2021 e julho de 2022, "forçou" o regresso à China de 230 mil pessoas.
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O homem garantiu não ser chinês, mas falava claramente um português com sotaque asiático. No lote 12 A da rua F, o JN encontrou vários carros em reparação e pelo menos dois funcionários a trabalhar. Ambos chineses. À entrada do espaçoso armazém, o letreiro anuncia: oficina oficial da Bosch. No site da marca, a Guohang Yang Auto Unipessoal consta como uma das três oficinas Bosch existentes no concelho. A morada coincide.
"Se quer saber desse assunto, é melhor contactar embaixada", rematou, sem mais, o dono da oficina. O JN tentou, sem sucesso, contactar a Embaixada da China em Portugal.
No Parlamento, recorde-se, o líder da IL, Cotrim Figueiredo, questionou o primeiro-ministro, António Costa, sobre estas esquadras informais que diz servirem para "monitorizar, investigar e repatriar sob coação cidadãos chineses" e quis saber o que está a ser feito para "parar estas patentes violações dos direitos humanos".
Costa disse nada saber sobre o caso e aconselhou Cotrim Figueiredo a apresentar queixa na Procuradoria-Geral da República.