Com o país a chegar aos dois meses de pandemia de Covid-19, a ministra da Saúde sublinha que se trata de "uma doença muito contagiosa" mas o dever de confinamento permitiu atingir uma média de infeção secundária abaixo de um.
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"A taxa de letalidade global é de 4% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 14.2%", indicou a ministra da Saúde, Marta Temido, esta sexta-feira, na conferência de imprensa diária sobre a evolução da pandemia de Covid-19 em Portugal. Em relação aos 18 óbitos registados nas últimas 24 horas (são agora 1007 no total) "13 tinham mais de 80 anos", sublinhou.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou que "a taxa de letalidade tem em conta todas as pessoas que adoecem e todas as pessoas que morrem" de uma doença e, no caso da Covid-19, "os níveis de letalidade em Portugal estão de acordo com outros países, exceto aqueles que tiveram situações mais dramáticas".
"Todos os dias, felizmente, temos assistido a uma diminuição dos óbitos", frisou Graça Freitas.
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A ministra da Saúde destacou que "entre 23 e 27 de abril, o número médio de casos secundários resultantes de um caso infetado foi de 0,92" ou seja, o Rt (risco de transmissibilidade) é inferior a um. "Há uma variação ligeira entre regiões", acrescentou.
Marta Temido lembrou que amanhã, sábado (2 de maio), faz dois meses desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19 em Portugal. E "o cenário da doença nestes dois meses" permite concluir que "é uma doença muito contagiosa; a transmissão acontece sobretudo em determinados grupos - até geográficos -, é uma doença com sintomas ligeiros em 86% dos infetados e por isso podem ser tratados em casa; há uma percentagem de doentes internados relativamente reduzida, de -5%, e -1% de internados em unidades de cuidados intensivos; e os casos graves e os óbitos se têm concentrado sobretudo em pessoas com mais de 75 anos e com doença crónica", disse a governante.
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Em relação ao calendário anunciado pelo Governo para o desconfinamento, a ministra da Saúde lembrou: "o dever cívico de recolhimento domiciliário mantém-se".
"Relativamente ao incumprimento de recomendações da Direção-Geral da Saúde, mantêm-se com o contexto próprio de desobediência a uma autoridade. É importante perceber que já havia este recurso específico antes de existir um estado de emergência ou de calamidade. As autoridades de saúde tem um poder de autoridade que tem de ser respeitado", frisou Marta Temido.
Questionada sobre a disponibilidades de máscaras à venda no mercado e a obrigatoriedade da utilização de máscaras, nomeadamente nos transportes públicos, a ministra da Saúde sublinhou "que se prevê uma coima para sua não utilização" e garantiu: "temos feito todos os esforços quer através da importação quer através da produção nacional no sentido de disponibilizar estes equipamentos de proteção individual".
"Algumas grandes superfícies já têm máscaras comunitárias disponíveis; estruturas que se dedicam à venda de produtos de saúde, muitos deles também têm anúncios a dizer 'temos máscaras e gel', eu própria já pude confirmar isso em farmácias próximas, portanto, a nossa expectativa é que consigamos garantir o abastecimento constante destes equipamentos de proteção individual", afirmou Marta Temido.
Segundo a ministra da Saúde, Portugal assegura a continuidade das medidas para controlar a transmissão do vírus e para reduzir a mortalidade e os casos graves de infeção pela Covid-19, mantendo a "reserva estratégica" de meios.
"Continuamos a ter, em constante preparação, a nossa reserva estratégica, não só de equipamentos de proteção individual, mas também de infraestruturas, de recursos humanos, de meios adequados a responder adequadamente a um eventual crescimento do surto epidémico", afirmou Marta Temido.