O candidato presidencial Henrique Neto considerou que há "uma clivagem entre a realidade" e o que é dito na campanha, com os eleitores a serem mais uma vez enganados, o que é verificável pelas sondagens.
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"As sondagens provam que o engano resulta", disse à Lusa à margem de uma ação de campanha em Lisboa, acrescentando que não poderá haver uma união de candidaturas numa hipotética segunda volta, porque os que têm maior apoio são "a continuação de Cavaco Silva e do que aconteceu nos últimos 20 anos".
Falando depois numa conferência sobre o tema "Portugal 2016/2020", Henrique Neto disse que nos últimos anos houve políticas para todos os gostos mas apenas para "servirem bem os poderes políticos mas não os portugueses".
"Ninguém acredita que o objetivo da Assembleia da República é o benefício, o bem-estar e o progresso do país porque se o fosse isso já tinha acontecido", disse.
A conferência, num hotel de Lisboa, destinou-se a debater uma estratégia para o país, algo que segundo o candidato não existe e que os restantes candidatos também não têm.
Ainda que faça um balanço positivo da primeira semana de campanha, confessou-se espantado por encontrar tantas situações trágicas de famílias, de crise e de perda de emprego e de casa, como se confessa espantado que não se debatam na campanha temas como o crescimento económico, a falência dos bancos, a corrupção, o desemprego ou "a drenagem de recursos e de riquezas", temas que espera se possam discutir no debate televisivo da próxima semana.
Porque até agora, disse à Lusa, só tem ouvido "coisas absurdas", como a da também candidata presidencial Maria Belém dizer que quer unir os portugueses "quando não conseguiu unir os socialistas".
Perante uma sala cheia, Henrique Neto afiançou que a sua candidatura se preocupa com o futuro do país e na campanha não basta "arrebanhar votos" e falar em abstrato do que se quer fazer.
Depois lembrou que escreveu cartas aos outros candidatos e aos partidos, a falar dos problemas do país, de constrangimentos e de oportunidades, mas não obteve reação. Lamento, disse, "que a generalidade das candidaturas não se preocupe com o futuro de Portugal ou que apresente meras palavras, vazias de conteúdo".
Luís Campos e Cunha, mandatário nacional da candidatura, foi outro dos oradores na conferência, traçando um quadro dos problemas de países ou regiões e que também têm efeito em Portugal, alertando para o crescimento de partidos xenófobos e nacionalistas e dizendo que a União Europeia precisa de mais integração política, partilha de riscos e solidariedade.
Eduardo Correia, da Comissão Política da candidatura, defendeu que é preciso mudar o sistema político, porque os deputados não respondem às pessoas mas aos partidos, e o centrista José Ribeiro e Castro, também da mesma Comissão Política, disse que Henrique Neto é talvez o único candidato com ideias e que não está "numa competição a ver quem é mais amigo do primeiro-ministro".
Ribeiro e Castro traçou o que considerou serem objetivos nacionais, a começar pela reforma do sistema eleitoral e passando pela regionalização do país, pela "apropriação" do projeto europeu, e pela valorização da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.