Retirada de trânsito no centro da cidade é hipótese para muitos, mas não há consenso sobre o nó de Silvares, o Alfa Pendular e o futuro dos transportes públicos.
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A estratégia de mobilidade e, em particular, do trânsito no concelho de Guimarães foi um dos temas mais quentes do debate realizado ontem no Ateneu Comercial do Porto com os candidatos vimaranenses à Câmara, organizado pelo JN.
Naquela que foi a primeira vez que os sete candidatos de Guimarães debateram juntos, pareceu haver consenso quanto ao caminho da descarbonização a seguir, mas as candidaturas divergem muito quanto ao que foi feito e está por fazer.
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O candidato do Chega, Adão Henrique Pizarro, empresário de 62 anos, foi o primeiro a abordar o tema para dizer que "com criatividade" vão ser melhorados os acessos difíceis à cidade: "Se calhar é possível criar um eixo central, acabar com o trânsito no centro da cidade, e haver transportes elétricos que levem as pessoas".
Já Gil Leitão, engenheiro de 43 anos, da Iniciativa Liberal, lamentou a "falta de planeamento e estratégia a longo prazo" da Câmara liderada pelo Partido Socialista há 32 anos. O candidato ainda elogiou o plano de transportes públicos que entra em vigor em 2022, mas lamentou que a Autarquia tenha deixado que o serviço ferroviário de Alfa Pendular fosse suspenso: "O Município não tem uma voz ativa relativamente ao poder central para puxar aquilo que nos interessa".
Neste capítulo, Mariana Silva lembrou que colocou "essa questão por escrito" ao Ministério das Infraestruturas. A também deputada, de 38 anos, encabeça a candidatura da CDU (PCP e PEV) que propõe transportes públicos gratuitos até aos 18 anos "para que as crianças se habituem", aliada ao alargamento de horários e ligação ferroviária a Braga.
Bruno Fernandes, da Coligação Juntos por Guimarães (PSD e CDS), defende o reperfilamento das estradas para as vilas pois "os seus eixos rodoviários não são capazes de comportar o trânsito que têm atualmente e há mais de duas décadas que não têm uma intervenção". O gestor de 43 anos defende ainda a criação de um nó da autoestrada na freguesia de Brito e a retirada do trânsito no centro da cidade com "parques de estacionamento periféricos que permitam, com shuttles, levar os cidadãos".
"ditadura do carro"
Por sua vez, Domingos Bragança, de 66 anos, atual presidente da Câmara e recandidato pelo PS, defendeu-se das críticas feitas à obra do nó de Silvares. Bruno Fernandes tinha acusado a Câmara de gastar mais de três milhões de euros sem resolver o problema para o qual será necessária nova obra, e na resposta Domingos Bragança defendeu o trabalho feito: "É uma obra muito positiva, é excecional até do ponto de vista da arquitetura. Está bonito e funcional".
O candidato do PS disse ainda que Guimarães foi "o primeiro ou segundo Município do país" a finalizar o concurso público de concessão de transportes públicos, que está a fazer uma rede de ciclovias que vai ligar todo o concelho pelos rios, e recordou ainda que está para breve a obra que vai ligar a EN101 ao Avepark: "O PRR tem 24 milhões de euros para esta obra, o projeto está concluído e está na última fase do estudo de impacte ambiental".
Luís Pinto Lisboa, professor de 42 anos e candidato do Bloco de Esquerda, propõe-se a combater o que chama de "carritocracia", ou "ditadura do carro", através da ligação ferroviária a Braga e com uma rede de transportes públicos alicerçada em quatro vilas "que são Moreira de Cónegos, Pevidém, Taipas e Brito".
O candidato do PAN, Rui Rocha, professor de 47 anos, também é da opinião que "Guimarães tem um problema estrutural e grave ao nível da mobilidade" que resulta da "falta de visão" relacionada com o ordenamento do território e urbanismo: "Guimarães é uma cidade muito bonita, com um passado histórico, mas mal saímos do centro os problemas são uns atrás dos outros".
Todos prometem resolver a falta de habitação
PS, criticado por pouco fazer, responde com previsão de licenciamento de 3000 fogos
A falta de oferta de habitação é, para todos os candidatos à Câmara de Guimarães, um problema central que urge resolver. O concelho perdeu 1236 habitantes (0,8%) nos últimos 10 anos e o grande motivo, entende a maioria dos candidatos, é a falta de fogos habitacionais a custos reduzidos.
Bruno Fernandes, do PSD/CDS, defende que Guimarães "está a pagar a ausência de estratégia", pois o Plano Diretor Municipal deve ser "sensível a ampliar nas freguesias e nas vilas os anéis de construção". Mariana Silva, da CDU, propõe a criação de um parque de habitação pública, a requalificação dos bairros sociais "e que na habitação privada se negoceie, por cada licença, uma percentagem de fogos a preços acessíveis".
Domingos Bragança, do PS, revelou que quer "acentuar a qualidade urbana". Anunciou que a cidade vai ter "mais 2000 fogos" que já estão licenciados e que, no total, o concelho terá 3000. Disse ainda que a habitação indigna vai ser alvo de uma regeneração avaliada em cerca de 30 milhões de euros e que vai lançar um programa destinado a privados que queiram construir habitação destinada a venda ou arrendamento a custos moderados.