Rendimento anual dos agregados foi mais baixo no Interior Norte. Na Grande Lisboa é onde se recebe mais.
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As famílias do Interior Norte são as mais pobres do país. Apesar de o rendimento médio ter subido quase 7% no Tâmega e Sousa entre 2022 e 2023, as famílias da região são as que levam menos dinheiro para casa, com uma média anual de 16 614 euros. Segue-se a região do Alto Tâmega e Barroso e do Douro, com uma média de 17 036 euros e 18 506 euros anuais, respetivamente. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o rendimento bruto declarado médio por agregado fiscal subiu 4,9% em 2023, sendo que as famílias da Grande Lisboa e da Península de Setúbal mantêm os rendimentos mais elevados. Olhando para os municípios, Odemira foi o único a registar um decréscimo no valor dos rendimentos anuais das famílias.
Em 2023, as famílias portuguesas auferiram uma média de 21 851 euros por ano, tendo registado uma subida do rendimento de 4,9% face ao ano anterior, de acordo com as estatísticas do rendimento ao nível local, calculadas com base nos valores declarados no IRS referente a esse ano. Tal como em 2022, as microrregiões com rendimentos mais altos do país foram a Grande Lisboa (25 890 euros), a Península de Setúbal (22 753 euros) e a Região de Coimbra (22 597 euros).
Já as famílias que auferiram rendimentos mais baixos encontram-se no Interior Norte de Portugal continental, estando Tâmega e Sousa, Alto Tâmega e Barroso e Douro nos piores lugares. Na região do Tâmega e Sousa, os agregados familiares auferiram uma média de 16 614 euros por ano. No entanto, também foi a região do país que registou um maior crescimento nos rendimentos entre 2022 e 2023, contabilizando-se uma subida de 6,7%. O presidente da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Pedro Machado, acredita que esta melhoria se deve, sobretudo, ao combate ao analfabetismo e ao abandono escolar. Contudo, ressalvou que ainda há “problemas endémicos” que não foram resolvidos e que “a região não se tem poupado a exigir às tutelas a resolução de questões estruturais, como a acessibilidade e o Ensino Superior no território”.
No Alto Tâmega e Barroso, a segunda região com piores rendimentos do país, as famílias portuguesas ganharam cerca de 17 mil euros anuais. Ainda assim, esses proveitos cresceram 5,9% face ao ano anterior. Em terceiro lugar, está o Douro, onde os rendimentos anuais auferidos pelos agregados fiscais foram de 18 506 euros, mais 5,1% do que em 2022.
Desigualdades nas regiões
Entre as regiões que mais se valorizaram, depois do Tâmega e Sousa, surge o Cávado. Foi a segunda região a registar um maior aumento, na ordem dos 6,5%. As famílias levaram para casa cerca de 20 951 euros no ano de 2023, sendo que as famílias do Município de Braga chegaram aos 23 658 euros. Por sua vez, em Terras de Bouro, a média dos rendimentos não ultrapassou os 16 065 euros. Isto, porque, dentro de cada território regional, também persistem desigualdades.
Seguem-se Aveiro e Alto Minho, com uma subida de 6,1% cada e com rendimentos a atingirem os 21 510 euros e os 18 705 euros, respetivamente. Já a Área Metropolitana do Porto, a quarta mais rica do país (22 401 euros), registou uma subida de 5,6% face a 2022. As famílias do Município do Porto ultrapassaram esse valor (27 261 euros) e os agregados de Paredes apenas auferiram uma média de 17 181 euros anuais. Na tabela das regiões que menos cresceram, estão o Alentejo Litoral (3%), a Grande Lisboa (3,4%) e o Algarve (3,7%). No que toca aos municípios, Oeiras é o concelho mais rico (32 306 euros anuais por família), seguindo-se Lisboa (30 919 euros) e Alcochete (29 124 euros). Já a Amadora é o município mais pobre da Grande Lisboa (20 371 euros) e a Moita é o território com rendimentos mais baixos da Península de Setúbal (19 076 euros). Por sua vez, Odemira é o concelho onde se ganhou menos (13 027 euros), tendo sido o único a registar um decréscimo face ao ano anterior, na ordem dos 0,3%. O presidente da autarquia, Hélder Guerreiro, explica que o concelho tem crescido em setores em que, tradicionalmente, se pagam menores salários, como o turismo e agricultura, e assume que falta ao município o setor da indústria transformadora. Os municípios onde o rendimento médio das famílias mais cresceu foram Mesão Frio, Avis, Águeda, Ponte da Barca, Santo Tirso e Ansião.