Operadoras negam sobrelotação dos transportes, mas a STCP admite que não é possível manter distanciamento determinado.
Corpo do artigo
O desconfinamento, a consequente reabertura do comércio e o regresso ao trabalho nas grandes cidades estão a encher os transportes públicos no Porto e em Lisboa. Autocarros e metro circulam cheios à hora de ponta, sendo que o problema assume maiores dimensões na capital. As operadoras apostam na vigilância e só a Metro do Porto, por exemplo, tem mais de uma dezena de equipas de fiscalização e mais de 100 pessoas por dia nas estações em funções de segurança e apoio ao cliente. O Metro de Lisboa anunciou, no final do mês passado, que também reforçou o controlo do volume de passageiros, e a sensibilização para se manter o distanciamento social e o uso de máscara.
Tanto a STCP como a Metro do Porto, que estão a disponibilizar cerca de 95% da oferta normal, negam "situações de sobrelotação" em qualquer uma das suas linhas. No entanto, a operadora de transporte público rodoviário admite que, com o "limite de dois terços de lotação máxima [dos autocarros], não é possível manter distanciamento físico de dois metros, ou mesmo de um metro". E, por isso, reconhece que "existe a perceção de sobrelotação por parte dos passageiros". Num autocarro a gás, por exemplo, com capacidade para 76 pessoas (32 sentadas), o limite é de 50 passageiros, o que faz com que haja bastantes utentes que vão de pé. Nesta situação, manter o distanciamento determinado é impossível.
Assim, houve quem relatasse ao JN casos de pessoas que preferem esperar pelo autocarro ou metro seguinte para seguir a viagem.
A Metro explica que "as situações de maior pressão andam na ordem das 230 pessoas em veículos duplos", cuja lotação máxima estabelecida é de 286 lugares. A Linha Amarela (Gaia) e o troço entre a Senhora da Hora e a Trindade é onde existe maior pressão, diz a empresa. O JN verificou que também na Linha Azul (Matosinhos) e Laranja (Gondomar) há situações problemáticas.
A Metro informa que para garantir o distanciamento social entre passageiros e o uso de máscara estão "mais de uma dezena de equipas de fiscalização permanentemente ao serviço". Esta é uma medida que se soma ao "sistema centralizado de videovigilância" da empresa, que "cobre todas as 82 estações da rede".
Infrações sociais
Há ainda casos de quem não queira utilizar máscara nos transportes públicos, mas trata-se de um número "perfeitamente residual" na Metro do Porto, que se cinge a dois ou três casos por dia, no máximo, informa a empresa. Na STCP, que também regista situações "muito pontuais", já foi necessário imobilizar o autocarro e esperar pela Polícia Municipal ou PSP que, posteriormente, acompanhou o passageiro em causa.
A Rodoviária de Lisboa, em resposta escrita ao JN, diz que "desde 29 de junho está em circulação 90% da oferta habitual". Garante ainda que "a bordo dos autocarros, a limpeza e desinfeção foram reforçadas nas superfícies de contacto".
À lupa
Procura
A Metro do Porto começou maio com uma procura de 20 mil pessoas/dia e terminou com quase 80 mil/dia. Em junho, a tendência manteve-se, chegando aos 110 mil clientes diários. Ainda assim, muito longe dos 270 mil passageiros/dia que se registavam antes da pandemia e do confinamento.
Distribuição
A STCP assinala que nas linhas de baixa frequência há uma recuperação da procura, mas ainda há muita capacidade de acomodação de passageiros. Além disso, verifica uma melhor distribuição dos passageiros ao longo do dia na generalidade das linhas.