Gestor defende regulação do setor da gestão de condomínios e admite que se fazem "muitas asneiras", porque qualquer pessoa pode abrir uma empresa.
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Fernando Silva, com mais de 20 anos de experiência na gestão de condomínios, não tem dúvidas: "Isto não pode ser um hobby, é uma atividade que requer profissionalismo". A complexidade do trabalho não se compadece com meios termos e continua a haver muitas empresas sem qualquer qualificação a operar, mantendo o setor sob um manto de desconfiança. Até porque é uma área que "movimenta muito dinheiro".
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Licenciado em Gestão, Fernando Silva trabalhou numa multinacional mas não resistiu ao convite de um "grande amigo" para entrar no mundo da administração de condomínios. Formalizada a sociedade, nasceu a Espaço Comum - Administração de Condomínios, sediada em Perafita, Matosinhos, que há 23 anos está no mercado. Atualmente com 10 funcionários, a empresa gere o condomínio de 100 empreendimentos. E não há um dia de sossego, sempre com trabalho para fazer. Cada edifício tem um "gestor particular" dedicado, o que facilita o contacto dos condóminos, na hora de encontrar um interlocutor.
Com tantos empreendimentos para tratar, sucedem-se as reuniões e as assembleias. E não é só no início do ano, porque há empreendimentos cujo exercício obriga a assembleias noutras alturas.
De qualquer forma, há um traço comum nestes encontros: uma das grandes dificuldades passa pela conciliação dos interesses dos diferentes condóminos, cada qual com expectativas e reivindicações diferentes. De uma coisa Fernando Silva tem a certeza: "objetivamente" há vantagens em ter uma empresa a gerir o condomínio. Quando são os próprios moradores a assumir a tarefa, muitas vezes evidencia-se a falta de preparação e de disponibilidade.
"Honorários muito baixos"
No entanto, nem sempre as empresas são sinónimo de bom trabalho. "Como nunca houve barreiras para entrar no setor, qualquer um pode abrir uma empresa, sem as mínimas qualificações e sem qualquer preparação. E, depois, fazem-se muitas asneiras", aponta Fernando Silva.
O empresário também defende a urgência de regulação do setor, que beneficiará tantos os clientes como as empresas. "Para acabar com o canibalismo que atualmente existe", afirma, lembrando que os próprios níveis de honorários em vigor são "muito baixos".
Sobre o futuro, Fernando Silva acrescenta: "A nova legislação é bastante interessante, mas ainda é preciso fazer mais".