Um mercado "muito parado" foi o que encontrou esta quinta-feira, em Bragança, o candidato presidencial Henrique Neto que, ainda assim, ouviu preocupações e lamentou que "as pílulas de Marcelo tenham mais destaque" que os problemas dos portugueses.
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"Eu ando aqui a debater com as pessoas problemas concretos e a Comunicação Social provavelmente não vai passar isto, mas o professor Marcelo Rebelo de Sousa foi à farmácia comprar umas pílulas e a Comunicação Social foi de manhã, à tarde e à noite: professor Marcelo Rebelo de Sousa comprou pílulas", apontou.
Henrique Neto queixou-se da "falta de ideias" nesta campanha, acusou os restantes candidatos de dizerem "coisas abstratas, com as quais naturalmente toda a gente concorda", comprou os jornais do dia que entende serem "um jogo de enganos", mas onde encontrou títulos mais úteis do que a ideia "de convidar um presidente estrangeiro a ir comer numa casa social", numa crítica à candidata Maria de Belém.
A tabacaria é uma das lojas do moderno Mercado Municipal de Bragança, onde o candidato iniciou o dia de campanha, e constatou que todas "as lojas têm qualidade, mas não têm clientes".
Henrique Neto chegou a interrogar-se: "isto é self-service" na volta pelas bancas e lojas, algumas onde nem os vendedores estavam junto dos produtos, enquanto noutras se fazia renda para matar o tempo, logo pela manhã.
O cenário não é muito diferente do pequeno comércio em geral onde "se veem as pessoas desincentivadas, sem fazer nada, numa morte lenta", como observou Carlos Alberto Ramos, um cliente do café que interpelou o candidato presidencial.
"Quero saber o que pode fazer para repor a dignidade a este povo, a soberania e não andarmos aqui no faz de conta", perguntou.
Problemas como os dos produtos que vendem no mercado resolvem-se, para Henrique Neto, com exportações e planeamento.
Já para a falta de oportunidade do filho de 34 anos do interlocutor, Henrique Neto sugeriu que "em África precisam de pessoas" e até deu o exemplo dos dois filhos dele que estão no estrangeiro. "Eu quero o meu filho no país onde pertence", retorquiu o habitante de Bragança.
Juventude foi a surpresa da manhã para o candidato quando viu entrar um grupo de jovens estudantes que aproveitaram o intervalo das aulas para tomar o pequeno-almoço no mercado.
Não têm idade para votar, com 16 anos, e nem todos sabiam de quem se tratava, mas conversaram e entusiasmaram o candidato presencial com o curso de multimédia que estão a frequentar. "Se tiverem uma ideia viral na Internet e me faça ganhar a eleição, não se esqueçam de me dizer", pediu Henrique Neto.