A "catástrofe do dia 30" - que levou o PAN a reduzir a bancada parlamentar de quatro para uma deputada única - está a agitar as águas dentro do partido.
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André Silva, o ex-líder que se afastou em 2019, esteve ausente durante toda a campanha eleitoral, mas quebrou esta sexta-feira o silêncio para fazer duras críticas à atual direção. Inês de Sousa Real acusa-o de fazer parte de um "ataque concertado" e agendou para esta tarde uma reunião da Comissão Política Nacional.
Num artigo de opinião publicado no "Público", o ex-líder mostrou estar disponível para voltar a colaborar com o partido, mas só com uma nova liderança. Não têm faltado críticas e avisos. No dia a seguir às eleições, o deputado Nélson Silva (que falhou a eleição) defendeu a realização de um congresso. Cristina Rodrigues, deputada que rompeu com o PAN, escreveu no Twitter que a atual direção está a afundar o partido.
Reagindo às críticas do ex-líder na RTP, Inês de Sousa Real falou em "ataque concertado" e disse não aceitar críticas de quem não assegurou a passagem de testemunho, nem esteve presente na campanha.
"No dia em que os filiados do partido não me quiserem como representante, cederei o meu lugar a outra pessoa", disse, lembrando que foi eleita líder do PAN há apenas "sete meses". Na noite eleitoral, já passava da uma da manhã quando a líder do partido reagiu: "é um mau resultado que assumimos e que a direção terá que fazer a sua reflexão interna em relação à estratégia que queremos desenvolver para o futuro do partido e do país", disse.
Primeiro foi Cristina Rodrigues a defender que "é hora dos filiados tomarem o leme do partido"; esta sexta-feira, André Silva deixou o mesmo repto: "Estou disponível, como sempre estive, para ajudar o meu partido a reposicionar-se e a reconquistar a credibilidade e a voz política que já teve, caso os filiados decidam por outra liderança", disse.
"Quem não sabe dançar diz que a sala está torta" foi o título escolhido para o seu artigo, onde acusou a atual liderança de se escudar em "causas externas" para justificar "a catástrofe do dia 30" e de se ter posicionado como "afilhado do PS".
O ex-líder relembrou as eleições de 2019 e o escrutínio e ataques que o partido, e o próprio, sofreram. Mesmo assim, disse, "o PAN elegeu quatro deputados". Agora, diz que o PAN deixou de "cumprir a sua missão de partido farol".
O PAN perdeu 84 608 nestas eleições legislativas face a 2019, quando o Pessoas-Animais-Natureza conseguiu 166 858 votos.