A falta de macas e de vigilância entre as falhas apontadas ao serviço. A unidade contratualizou 50 camas ao privado.
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"Doentes sem macas", "nos corredores", "sem vigilância", "banho", "refeições quentes" e "cobertores". Este é o retrato do serviço de urgência feito por médicos internos e pelos assistentes hospitalares de medicina interna do Centro Hospitalar de Gaia e Espinho (CHVNGE). Na carta enviada ao conselho de administração da unidade, e a que o JN teve acesso, os internos de formação específica dizem que a sua formação "está em risco" e pedem condições de segurança e de conforto para profissionais e utentes.
Em resposta ao JN, o centro hospitalar não nega a existência da carta e admite "uma maior dificuldade de drenagem de utentes da urgência para os internamentos", mas desmente ter havido "doentes sem macas", e "vigilância" ou "nos corredores". O Plano de Contingência - Módulo de Inverno (PCMI) "foi acionado esta semana", acrescenta a mesma fonte, o que permite uma "maior mobilidade e flexibilidade na gestão de camas". O hospital já contratualizou, também, 50 camas ao setor privado.
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Dezenas à espera de cama
No entanto, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) confirma, através do Sindicato dos Médicos do Norte, a veracidade do documento e adianta que a "situação não é de agora", tendo a estrutura sindical pedido, no início da semana, uma reunião com o conselho de administração do CHVNGE.
No passado domingo, encontravam-se "no serviço de urgência (...) 65 doentes a aguardar vaga de internamento", explicam os internos e assistentes, referindo-se à área laranja e às áreas dedicadas aos doentes respiratórios. "O primeiro doente" aguardou, "desde 3 de dezembro, por um quarto de isolamento, por ser uma possível tuberculose; dos restantes, 52% aguardam há mais de 48 horas por uma cama que não existe", lê-se na carta.
Joana Bordalo e Sá, presidente da comissão executiva da FNAM, afirma que "as condições de trabalho no serviço de urgência do hospital de Gaia têm vindo a degradar-se ao longo do tempo. Temos conhecimento que, ultimamente, têm estado pior". Na carta, é denunciada a falta de camas, de materiais e de recursos humanos para atender todas as pessoas.
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"Há doentes sem vigilância, quando o estado da arte o exige, porque os monitores não chegam", refere o grupo de internos e de assistentes hospitalares. Fonte do CHVNGE diz que o plano de contingência vai permitir "a alocação de doentes de medicina interna em camas de serviços de outras especialidades". Em 2022, o hospital recebeu "104 médicos para formação geral e formação específica".
Apesar dos subscritores da carta considerarem que "está em risco a formação dos internos", fonte da Ordem dos Médicos afirma não ter tido conhecimento do documento.