As escalas das urgências de ginecologia e obstetrícia de vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante os fins de semana de Natal e Ano Novo estão desfalcadas, especialmente em Lisboa e Vale do Tejo, obrigando a uma resposta em rede que passará pelo desfasamento dos encerramentos. Nos últimos dias, houve várias reuniões entre a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), liderada por Fernando Araújo, e as direções clínicas dos hospitais para procurar minimizar o impacto daqueles fechos.
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O documento ainda não está finalizado, garantiu ao JN fonte da DE-SNS, na sequência de várias notícias que foram sendo publicadas ao longo do dia sobre as soluções acordadas. "Estamos a trabalhar no plano dos serviços de urgência e ginecologia - operação 'Nascer em Segurança no SNS' - para o Natal e Ano Novo, que será anunciado nos próximos dias", acrescentou.
Parece o nome de uma operação policial, mas estão, de facto, a ser contadas "espingardas" - leia-se, médicos - para assegurar os cuidados de saúde a grávidas neste período de festas. E a resposta tem sido colaborativa. O JN sabe que há diretores de serviço com idades acima dos 55 anos que se mostraram disponíveis para fazer "banco" no Natal. Um "efeito" Fernando Araújo neste arranque dos trabalhos da DE- SNS.
Fechos nos dias 24 e 1 de janeiro
Ao que foi possível apurar, na região de Lisboa e Vale do Tejo, nos próximos dias haverá constrangimentos pelo menos nos hospitais de Vila Franca de Xira e no Beatriz Ângelo (Loures), no Hospital de S. Francisco Xavier, no Hospital de Santarém, no Hospital de Abrantes e no Hospital das Caldas da Rainha.
O JN confirmou que a urgência do Hospital de Abrantes, que pertence ao Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), estará fechada nos dias 24 e no dia 1 de janeiro. Naquelas datas, o único obstetra disponível só dará resposta às grávidas e puérperas internadas antes da contingência.
A região abrangida pelo CHMT (Abrantes, Tomar e Torres Novas), pelo Centro Hospitalar do Oeste (inclui Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras) e pelo Hospital de Santarém é enorme e tem graves carências de obstetras. "É a área mais complexa porque estas maternidades têm menos médicos e estão mais afastadas umas das outras", refere Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Ordem dos Médicos do Sul. O obstetra salientou a "grande vontade de colaborar e ajudar de todos os diretores de serviços para preservar a urgência, mesmo sabendo que está a ficar para trás a atividade programada, como as cirurgias, exames e rastreios.
Algumas instituições de saúde atualizaram esta terça-feira a informação no Portal do SNS sobre o funcionamento dos serviços de urgência e blocos de parto. A partir desses dados, é possível concluir que o Hospital de S. Francisco Xavier, em Lisboa, terá a urgência de obstetrícia encerrada entre as 9 horas de sábado e as 9 horas de domingo, dia de Natal.
O Hospital de Santarém esclareceu esta tarde que o serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia estará encerrado apenas no dia 25 de dezembro (entre as 8.30 horas e as 0 horas do dia 26) e não vários dias, como foi noticiado.
Acordos alargados a 2023
Na semana passada, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, admitiu que haverá alguns constrangimentos nas urgências durante o período de festas. Desde então, a tutela e a DE-SNS têm reunido com os vários hospitais, procurando acordos de cooperação, que poderão ir além do período de festas e manter-se em vigor aos fins de semana durante o primeiro trimestre de 2023.
De acordo com a agência Lusa, que cita um documento assinado por Fernando Araújo na segunda-feira, os hospitais de Setúbal, Almada e Barreiro vão partilhar recursos para garantir o funcionamento de pelo menos dois serviços de urgência e ginecologia durante o Natal e o Ano Novo.