O secretário-geral comunista devolveu esta quarta-feira a alcunha de "sócios", utilizada por Paulo Portas para referir os partidos que viabilizaram o Governo socialista, lamentando a atuação do executivo PSD/CDS-PP e acusando o presidente centrista de desrespeitar o direito à greve.
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Durante o debate parlamentar quinzenal com o agora chefe de executivo socialista, António Costa, o anterior vice-primeiro-ministro tinha criticado a proximidade do PS à extrema-esquerda e às federações sindicais e a constância das suas greves e consequentes transtornos das famílias.
"Para o deputado Paulo Portas, a greve só é boa quando não se faz. Esse direito constitucional, de facto, existe porque foi adquirido pelos próprios trabalhadores, à revelia daqueles que, como Paulo Portas, se recusam a reconhecer um direito histórico", insurgiu-se.
O líder do PCP referiu-se aos "trabalhadores com a expectativa de verem recuperados rendimentos tão duramente flagelados nos últimos anos pelo anterior Governo", para recuperar a expressão de Portas - "o Governo dos sócios PSD-CDS".
"Um dos bloqueios à economia é a capacidade de financiamento das nossas empresas. Temos de agir sobre as empresas, melhorando os seus rácios de capital para que mais facilmente possam aceder ao crédito, mas também em relação a instrumentos de financiamento, acelerando execução de fundos comunitários e criando condições para que o sistema financeiro possa financiar economia de forma saudável", defendeu, na resposta, o primeiro-ministro.
Para António Costa é preferível "não voltar a um modelo já esgotado de financiar o consumo privado e à compra de casa própria" em detrimento do apoio "ao investimento empresarial".
"Precisamos de ter uma instituição, necessariamente de natureza pública, que seja um banco de desenvolvimento ao serviço do país. É extraordinário, durante quatro anos, o anterior Governo ter andado a falar... e fomos multiplicando bancos maus e bancos bons, mas o banco de fomento não atou nem desatou e continuou sem fazer aquilo que devia fazer", lastimou.
Jerónimo de Sousa, na sua intervenção, questionou o líder do executivo socialista sobre as situações no Banif e na TAP, insistindo em críticas à atuação do Governo liderado por Passos Coelho e Paulo Portas.
"Os últimos meses de atuação do anterior Governo foram elucidativos da forma pouco democrática como foram conduzidos vários processos de privatização", concordou António Costa, sublinhando que em tempo de campanha eleitoral e até "um dia a seguir à sua demissão", o executivo PSD/CDS-PP assinou um contrato, "que obriga o Estado português", mesmo "sabendo que não tinha uma maioria que defendesse" aquela privatização.
O primeiro-ministro manifestou o desejo de que tal "nunca mais volte a acontecer" na democracia portuguesa.
"A TAP não é só uma companhia de aviação, é uma garantia de independência, de ligação do nosso território descontínuo, uma garantia de ligação às comunidades emigrantes, um instrumento fundamental para a economia e para a afirmação da plataforma atlântica como um grande 'hub' (placa giratória) da Europa", declarou, reiterando a necessidade de a transportadora aérea manter a maioria do seu capital público.