Na segunda arruada da campanha eleitoral da CDU - que mais pareceu um desfile - Jerónimo de Sousa considerou que durante este "esforço final", não precisa de "convencer quem está convencido". O secretário-geral do PCP voltou a afastar Tancos do centro das atenções, voltando-se para aqueles que "ainda hesitam" em quem votar no próximo domingo.
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A arruada começou ligeira, esta manhã de quinta-feira, junto à Câmara Municipal do Barreiro. O secretário-geral do PCP chegou pouco depois da hora marcada - algo pouco comum, dado a exímia pontualidade - e juntou-se à frente da marcha. Ao contrário do que aconteceu na tarde de quarta-feira, na Baixa da Banheira, a arruada no Barreiro foi mais tranquila e controlada.
O megafone lançou o mote, ouvido durante os 400 metros até ao Mercado Municipal 1.º de Maio. "A CDU avança, com toda a confiança! A CDU avança, com toda a confiança!". As palavras de ordem da campanha também não ficaram de fora do cortejo. "Avançar é preciso, andar para trás não! Avançar é preciso, andar para trás não! CDU! CDU! CDU!".
Nas janelas, mais despidas de gente do que na Baixa da Banheira, surgiram alguns rostos e acenos a Jerónimo de Sousa. O líder comunista deixou as sondagens para segundo plano até porque "essas contas apressadas geralmente dão maus resultados", e definiu como prioridade o apelo ao voto dos mais indecisos.
"Eu não sei qual é o grau, mas continua a haver muitos portugueses que hesitam, que ainda não optaram pelo voto ou pelo não voto, e por isso mesmo é que este esforço final é muito dirigido a esses eleitores", vincou o líder comunista.
Sobre Tancos, não quis tecer grandes comentários. O "empenhamento final" é para os últimos dias da campanha, mas admite que o caso possa ter afetado a maioria absoluta do Partido Socialista. "Não somos protagonistas nesse processo, temos dificuldades em fazer essa avaliação, mas algum efeito teria tido, mas não sou capaz de avaliar", respondeu cauteloso à comunicação social.
Ao longo do percurso, a única paragem de Jerónimo de Sousa foi para o tradicional "miminho" oferecido no Barreiro há 16 anos, pela mão de Mariano Vargo. "Isto não falha. Isto é um mimo para o maior, pá! Este é que é o maior, pá!", garantiu aos jornalistas. "Não exageres, não sou assim tão alto, pá!", respondeu sorridente o secretário-geral do PCP.
Depois do "bolinho" e do "copinho" de Moscatel de Setúbal, para dar alento para o "esforço final", Jerónimo de Sousa prosseguiu a marcha até ao Parque Catarina Eufémia. Margarida Teixeira, candidata pelo distrito, subiu ao púlpito e puxou pelos apoiantes. "Agitem as bandeiras, as cores da esperança!". Perante uma audiência envergonhada, insistiu: "Não estou a ver as bandeiras! Não tenham medo das sondagens, venham elas! Vamos fazer uma coisa bonita, vamos trazer energia positiva! Vamos lá, camaradas! Força! Força! Força!".
Jerónimo de Sousa voltou a reforçar o apelo ao voto na CDU. "Não precisamos de convencer quem está convencido", insistiu. O secretário-geral pediu aos apoiantes para tentar "ganhar quem não está ganho", quem "hesita", e quem até acredita nas ideias do partido, mas "tem dificuldade e pôr a cruzinha na foice, no martelo e no girassol".
No penúltimo dia da campanha eleitoral, o secretário-geral do PCP não se quis alongar sobre a continuação no cargo. "A questão não está colocada. Não está colocada nem por mim nem pelos meus camaradas. Agora é andar para a frente com esta campanha", considerou.