A Direção-Geral da Saúde (DGS) usou um software de inteligência artificial, num projeto-piloto em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para monitorizar a composição nutricional dos alimentos à venda em Portugal. A análise permitiu concluir que 62% dos produtos "tinham um teor de sódio acima do valor de referência".
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Os dados revelados esta sexta-feira pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) revelam que os produtos substitutos da carne (95%), a carne e o pescado processado (85%) e o pão e os produtos de pastelaria (85%) são algumas das categorias "com uma percentagem mais elevada de produtos com um teor de sódio acima do valor de referência de sódio da OMS".
O projeto-piloto foodDB, no qual o PNPAS colaborou com a OMS e em parceria com a Universidade de Oxford, analisou os alimentos processados disponibilizados no site de um hipermercado português, ao longo de março e abril de 2021. Os resultados mostram ser necessária uma redução significativa do teor do sódio, um dos principais componentes do sal, "nas categorias de 'queijo fresco e outros não curados e requeijão', 'peixe e marisco processados, crus' e 'refeições prontas para consumo'".
Os números da DGS mostram que há mais pessoas com pré-obesidade e obesidade registados nos cuidados de saúde primários. Em 2022, pelo menos 36% dos utentes registados nos centros de saúde tinham excesso de peso.
Os dados mostram a mesma tendência crescente em utentes que tiveram alta hospitalar em 2021. "No que respeita ao excesso de peso (incluindo obesidade) no adulto verificou-se em 2021 um aumento de 29,5% no número de doentes saídos com esta notificação em relação ao período homólogo de 2020", lê.-se no documento.
Norte regista mais obesos
No ano passado, e de acordo com o relatório do PNPAS, 22,5% dos utentes dos centros de saúde tinham pré-obesidade e 13,8% tinha obesidade. Os números são superiores aos registados em 2019, por exemplo, em que 16,7% eram pré-obesos e 11,9% eram obesos. Os dados mostram, por isso, uma tendência crescente de pessoas com excesso de peso nos cuidados de saúde primários.
Apesar do maior reporte dos centros de saúde de utentes com peso a mais, os valores ainda estão longe dos registos totais de pré-obesidade e obesidade que se estima existir em Portugal. A DGS aponta que, segundo o Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico de 2015, 38,9% e de 28,7% da população nacional tem pré-obesidade e obesidade, respetivamente.
Os responsáveis do PNPAS apontam que há "diferenças acentuadas no registo entre as diferentes regiões", sendo que o Norte apresenta a maior percentagem de pré-obesos (28,6%) e obesos (15,8%). Os "dados poderão representar uma melhoria do desempenho do Serviço Nacional de Saúde no diagnóstico", explicam no relatório divulgado esta sexta-feira.
Sistema de rotulagem nutricional está ser revisto
O Nutri-Score, sistema de rotulagem nutricional inscrito nas embalagens dos alimentos, está atualmente a ser revisto, segundo a DGS. Tudo porque "a classificação atribuída a alguns produtos não estava de acordo com as recomendações para uma alimentação saudável", explica a autoridade de saúde no mesmo relatório. A situação era particularmente evidente nos "produtos com elevado teor de açúcar".
O sistema atribui cores e letras aos alimentos e calcula quais os pontos positivos e negativos na composição nutricional, tendo em conta os parâmetros como a fibra, o sal, o açúcar e a energia (calorias). Por exemplo, um alimento com a letra "A" e de cor verde será em princípio mais saudável do que um com a letra E e de cor vermelha. Já é utilizado em vários países da União Europeia, mas espera-se que seja harmonizado pela Comissão Europeia para todo o espaço comunitário.
Criado em França, o Nutri-Score foi analisado em junho do ano passado por um conselho científico internacional, que apontou para a necessidade de ajustes ao algoritmo. A nova versão levou a "uma diminuição da percentagem de produtos alimentares na categoria C e um aumento acentuado nas categorias menos favoráveis, nomeadamente a D (de 96% nos doces e de 46% nos cereais de pequeno-almoço)", clarifica a DGS.