Carta aberta subscrita por médicos de várias especialidades passou de 27 para 91 signatários. Pede a suspensão da imunização das crianças saudáveis dos 5 aos 11 anos até que mais evidência científica demonstre "de forma robusta e inequívoca, a necessidade, o benefício e a segurança desta vacinação".
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Lançada pela primeira vez a 26 de janeiro, com 27 subscritores, a carta aberta conta, esta sexta-feira, com 91 signatários. São 89 médicos, um farmacêutico e um dentista que assinam o documento divulgado horas antes de mais um fim de semana dedicado à imunização dos mais pequenos.
Entre os especialistas, há pediatras, médicos de família, pneumologistas, cardiologistas, neurorradiologistas, anestesiologistas, internistas, intensivistas e especialistas em Medicina Legal, entre outros.
E nomes que já têm revelado publicamente discordar da vacinação das crianças saudáveis dos 5 aos 11 anos, como Jorge Amil Dias, pediatra e presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, Cristina Camilo, pediatra e presidente da Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Jorge Torgal, professor catedrático jubilado e médico de Saúde Pública ou o pediatra e intensivista Francisco Abecasis.
A vacinação das crianças tem sido um tema controverso e com impacto na adesão. A diretora-Geral da Saúde admitiu ontem que havia poucos milhares de crianças inscritas para tomarem a vacina amanhã e domingo e anunciou que, aqueles que ainda não tomaram qualquer dose, podem dirigir-se aos centros de vacinação, até às 13 horas, na modalidade casa aberta.
Graça Freitas fez um apelo aos pais, insistindo que a vacina é segura e que vale a pena pois ainda há muitos casos de covid-19 entre os mais novos.
No preâmbulo da carta aberta, divulgada esta sexta-feira, os subscritores lembram que as crianças e jovens "só muito raramente desenvolvem doença grave, pelo que não se justifica a sua vacinação em massa". E realçam que, mesmo vacinados, infetam-se e transmitem o vírus. Alertam ainda que "podem ocorrer efeitos secundários não negligenciáveis, como miocardites, que vão sendo evidenciados por estudos credíveis, pelo que a vacinação comporta um risco que ainda não é bem conhecido".
Os signatários fazem questão de ressalvar que o apelo para suspender a vacinação diz respeito "à situação das crianças saudáveis e não se pretende qualquer extrapolação para adultos ou crianças com comorbilidades que acarretem risco acrescido de covid-19".
Vacina com infeção pode ter riscos graves, alertam médicos
Os subscritores entendem que, com o aparecimento da variante Ómicron, que se tornou dominante e "para a qual as atuais vacinas são consideradas ineficazes na prevenção da transmissão, deveriam ser refeitas as análises da relação risco-benefício da utilização das vacinas para a covid-19, muito particularmente em crianças".
"O mais preocupante", dizem, é a vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos estar a decorrer em pleno pico pandémico, circunstâncias que não foram testadas nos ensaios clínicos de vacinas.
"A vacinação de crianças previamente infetadas por SARS-CoV-2, ou a sua infeção depois de vacinadas, num curto intervalo temporal, pode vir a traduzir-se num aumento da incidência de casos de miocardites, efeitos deletérios no sistema imunitário ou outras reações adversas, riscos potencialmente graves e eventualmente letais", avisam.