O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa apontou a sub-representação das mulheres e dos imigrantes na política como uma das falhas da democracia portuguesa.
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"Veio a lei da paridade muito mais tarde e, mesmo com essa lei, olhem para os órgãos do poder político, nos partidos e no poder, e não é fácil encontrar a representação das mulheres no poder. Mas há pior: pensem nos imigrantes, com i", afirmou o social-democrata, durante uma aula de história para alunos do 12.º ano, numa escola secundária em Alcabideche, no concelho de Cascais, inserida na sua campanha para as presidenciais.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "os imigrantes são clandestinos politicamente em Portugal" e deu o exemplo do poder executivo, com alguma hesitação: "Quantos imigrantes há no Governo? Agora há - não há imigrantes, mas há, digamos assim, pessoas que são familiares ou têm uma origem ou têm uma ligação a outras sociedades lusófonas. Agora, mas quantos imigrantes há no Governo? Não há".
"Quantos imigrantes há no parlamento - imigrantes, parentes de imigrantes, descendentes de? Quantos imigrantes há no poder local? Quantos imigrantes há a nível de dirigentes sindicais e patronais?", questionou o professor universitário de Direito.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "há para aí 300 ou 400 ou 500 mil [imigrantes em Portugal], dos quais alguns, muitos, têm dupla nacionalidade".
"O país político não incorporou esta realidade - como demorou tempo a incorporar a juventude, como demorou tempo a incorporar e é relutante em aceitar o papel da mulher. É lento a mudar o seu comportamento no poder local e no poder nacional", concluiu.
No que respeita à representação das mulheres, o antigo presidente do PSD disse que "defendia as quotas, a lei da paridade" quando liderou os sociais-democratas, mas as mulheres da sua direção política, "senhoras notáveis", eram contra, argumentando que o mérito devia ser o único critério. "Eu disse: então nunca mais", relatou.