A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou esta terça-feira que Portugal deverá chegar à incidência de 120 casos por 100 mil habitantes - o limite definido pelos especialistas - dentro de "duas a quatro semanas". Esse indicador poderá atingir os 240 no espaço de "um a dois meses", alertou. Os próximos dias serão "decisivos".
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À saída da reunião com os peritos no Infarmed, a governante sublinhou que estas projeções "dependem de o ritmo de crescimento se manter constante" - podendo, por isso, existir oscilações tanto no sentido negativo como positivo. No entanto, para já, a incidência do vírus "mantém-se moderada", anunciou.
Atualmente, além de um R(t) de 1,05, o país tem 71,5 casos por 100 mil habitantes, valor que desce para 68,4 se apenas se considerar o território continental. "Já estivemos perante uma situação epidemiológica mais favorável", realçou a ministra, acrescentando que o Governo procurará garantir o "equilíbrio" entre o avanço do desconfinamento e a saúde pública.
"Estes dias são decisivos para que se consolidem tendências num sentido ou no outro e para que possamos tomar decisões na quinta-feira", afirmou Marta Temido. Só então o Executivo irá definir que "paragens" e "avanços" existirão no que toca ao desconfinamento. Para já, prosseguiu, as prioridades são "vacinar o mais rapidamente possível" e continuar a monitorizar os níveis de transmissão do vírus.
Uma posição reforçada pelo Partido Socialista, que, depois da reunião, afirmou que o plano de confinamento está "certamente a ser avaliado".
Escolas com poucos casos
A governante afirmou que "as escolas são o aspeto social que mais queremos proteger", o que justifica o aumento dos rastreios ao setor. Esclarecendo que estava a citar os números de memória, Temido revelou ter havido "menos de 200 casos em mais de 200 mil testes realizados à comunidade de alunos" e "cerca de 180 casos" em igual número de testes a docentes e não docentes.
Sobre a vacina da Janssen, que chega a Portugal esta semana e foi suspensa esta terça-feira nos EUA, a ministra considerou ser "prematuro" falar de uma notícia de que tinha acabado de ter conhecimento.
No entanto, salientou que deve sempre ser feito "um balanço de risco/benefício" na hora de tomar decisões, lembrando que as vacinas são "a nossa melhor arma no longo prazo" para derrotar a doença. Nesse sentido, expressou a sua "confiança" na avaliação das autoridades reguladoras.
A ministra deu ainda conta de que os especialistas alertaram para o facto de a variante sul-africana, potencialmente mais resistente à vacina, estar a subir em Portugal, tendo passado de 0,1% em fevereiro para 2,5% em março. No entanto, a variante inglesa continua a ser claramente dominante, representando 83% dos casos no país.