Depois de meses de confinamento, famílias escolhem espaços de natureza no Interior, que regista procura elevada para a época. Cidades longe da retoma.
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O Interior - com relevância para as regiões do Douro, Alto Minho e Trás-os-Montes - será o destaque, em termos de procura turística, neste período de miniférias, proporcionado pela coincidência de dois feriados consecutivos e uma "ponte" na sexta-feira, que proporcionam assim cinco dias de lazer. Os responsáveis pelo setor ouvidos pelo JN não adiantam números concretos, mas admitem que se registarão níveis de ocupação "muito interessantes", cenário inverso ao que acontece nas grandes cidades, nomeadamente Lisboa e Porto, onde os hotéis continuarão praticamente vazios.
Luís Pedro Martins, presidente do Turismo Porto e Norte, explica que, após "mais de dois meses praticamente sem atividade", os sinais de alguma retoma começaram a sentir-se nos últimos dias. "Para esta semana de feriados, notamos a apetência das pessoas por destinos de natureza, em territórios de baixa densidade como Trás-os-Montes, Douro ou Minho", adianta o responsável, sublinhando que nestes casos a procura é superior à que habitualmente registada nesta altura do ano e é suportada exclusivamente pelos turistas nacionais.
Mais otimista, António Condé Pinto, presidente da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), confirma a tendência para a procura de zonas do interior, não só na região Norte, mas também no Centro e, sobretudo, no Alentejo para esta semana de feriados. "Pelo menos já deu para animar nos locais que estão longe das grandes cidades, tanto no interior como no litoral, nas zonas menos povoadas", observa, garantindo que, em alguns casos, "há unidades com níveis de ocupação acima dos 60%". Anémica continua a procura nos meios urbanos, o que se explica em parte pelos meses de confinamento. "As pessoas estiveram muito tempo fechadas nas suas casas, agora querem sair das cidades, ir em busca da natureza. Paralelamente, há muitas reservas de conjunto, que mostram que são famílias que se estão a reencontrar depois da separação forçada", destaca o responsável da APHORT.
À espera dos aviões
Relativamente à procura das cidades, todos são unânimes em concordar que a retoma nunca será sentida antes das ligações aéreas serem retomadas. Pedro Capitão, CEO do Negócio da Hotelaria da Sonae Capital destaca o dinamismo das unidades de Tróia (ver caixa) em contraste com os hotéis do Porto. "Antes do último quadrimestre do ano, dificilmente haverá alguns sinais de retoma", adianta.
No litoral
Algarve desperta
No Algarve, que, noutros anos, estaria nesta altura a rebentar pelas costuras, a semana marca o início do ano turístico. "Tivemos muitas reservas de última hora e há boa ocupação, o que deixa alguma confiança para o verão", diz Elidérico Viegas, representante dos hoteleiros da região.
Tróia quase no pleno
Os areais extensos, que permitem desfrutar da praia com espaço para garantir o distanciamento exigido deixam excelentes perspetivas para Tróia, na região de Setúbal. "Nesta semana, estamos com a ocupação quase máxima e acreditamos que este será um ano muito forte para Tróia", sublinha Pedro Capitão, da Sonae Capital.