Assim que se sentar na cadeira de ministro da Saúde, Manuel Pizarro terá vários dossiês entre mãos. Alguns capazes de gerar fortes dores de cabeça e outros que requerem decisões corajosas, como um eventual fecho de maternidades.
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Negociar orçamento
Com os custos dos hospitais a dispararem, por causa da inflação e da crise energética, com a necessidade de contratar mais profissionais de saúde e valorizar as remunerações, o Orçamento da Saúde será dos primeiros grandes desafios que Manuel Pizarro enfrentará. Vai ter de bater-se com Costa e com outros ministros por muitos milhões de euros extra para evitar o colapso do SNS.
Apaziguar insatisfação
Acalmar o ambiente crispado que se vive na saúde, depois de dois anos de pandemia, em que ficou muito por fazer, será também um dos grandes desafios do novo ministro. Se conseguir levar a bom porto as negociações com os sindicatos médicos, iniciadas pela equipa de Marta Temido, ganha a primeira batalha. Mas não a guerra porque os outros grupos profissionais, com quem também decorrem reuniões - nomeadamente os enfermeiros - vão exigir reivindicações antigas.
Recuperar a confiança
Nos últimos anos, mais de três milhões de portugueses optaram por contratar seguros de saúde para conseguirem uma resposta no setor privado. Um movimento que espelha a falta de confiança no SNS, que se debate com enormes listas de espera para consultas e cirurgias e com um cada vez maior número de utentes sem médico de família (1,5 milhões). Este verão, a confiança ficou ainda mais abalada pelos constrangimentos nos serviços de urgência de Obstetrícia de vários hospitais. Feridas difíceis de sarar, que vão exigir uma aposta nas carreiras para estancar as saídas e captar novos recursos.
Fecho de maternidades
Dias depois de se sentar na cadeira de ministro, Manuel Pizarro deverá ter em cima da mesa a proposta do grupo técnico nomeado pelo Governo para rever a rede de referenciação hospitalar em Saúde Perinatal. O coordenador do grupo, Diogo Ayres de Campos, já avisou que o fecho de maternidades será a solução mais óbvia para fazer face à grave falta de obstetras nos hospitais. No passado, o encerramento de maternidades gerou enorme contestação ao ministro Correia de Campos. Estará Manuel Pizarro preparado para estas decisões?
Concentrar urgências
O modelo de urgências metropolitanas já provou que funciona, mas a história diz que sempre que se mexe na organização dos serviços, o ruído é ensurdecedor. À semelhança das urgências de Ginecologia/Obstetrícia, o Governo nomeou recentemente uma comissão executiva para apresentar sugestões de concentração de recursos em determinados hospitais. Falta saber se as propostas serão implementadas.
Articulação com o CEO
Acabada de desenhar, a nova Comissão Executiva do SNS tem de provar que faz sentido. O objetivo é melhorar a organização e resposta dos hospitais e centros de saúde, em função das necessidades dos doentes, mas o maior desafio será escolher as pessoas certas para pôr a máquina a funcionar.