O ministério não regulou a duração da atividade remota e há alunos com sessões de 30 minutos e outros com blocos de 90 minutos. Os professores já se queixam e a Fenprof vai criar uma plataforma para receber denúncias de "irregularidades".
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O Ministério da Educação (ME) não regulou a duração das aulas online, nem definiu tempos mínimos ou máximos. Cada agrupamento tem autonomia para decidir e a diversidade vai voltar a marcar o ensino à distância, que é retomado amanhã do Pré-Escolar ao 12.º . Há alunos com atividades síncronas de meia hora, outros com blocos de 90 minutos. Há quem tenha menos de metade do tempo presencial em sessões com os professores, outros que têm quase o horário presencial online.
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O presidente da Confederação Nacional de Pais (Confap), Jorge Ascenção, confirma que uma das maiores preocupações expressas pelos encarregados de educação neste regresso ao ensino à distância, depois de uma pausa forçada de 15 dias, é se o tempo e regularidade das aulas síncronas é o mais adequado. Se já soube de bons exemplos - como momentos breves diários no Pré-Escolar que até incluem uma atividade, por semana, com os pais -, também teve informação de aulas online de 90 minutos, no Secundário.
"Cada escola decide"
A maioria das escolas, acredita o presidente da associação de diretores (ANDAEP), terá optado por manter os horários, atribuindo entre 50% e 70% dos tempos a aulas síncronas e o restante para trabalho autónomo. "Mas menos de 50% ou 100% não é proibido. Cada escola decide", frisa Filinto Lima.
O final do ano letivo ou o calendário de exames ainda estão por decidir. Há escolas que não encontraram soluções para alunos sem computador ou Internet. Professores que têm de ir à escola dar aulas à distância por falta de equipamentos ou para darem apoio presencial a alunos que, sem acesso ou por correrem maior risco de abandono escolar, vão continuar a ir para as escolas.
Nem todos têm horários
O Ministério da Educação não regulou tempos, mas enviou orientações às escolas, que nem todos os diretores estarão a cumprir, admite o dirigente da Fenprof, Vítor Godinho. A Federação já recebeu queixas de professores por terem sessões online que quase replicam o tempo de aulas presenciais e, por isso, na próxima semana vai passar a ter uma plataforma para os docentes denunciarem "casos de abusos e irregularidades". "Não é possível reproduzir no ensino à distância o que se faz no presencial", sublinha.
Nas orientações enviadas às escolas, no ano passado e na semana passada, o ME pede equilíbrio entre atividades síncronas (direto), assíncronas e trabalho autónomo, em função dos níveis de ensino e condições específicas das turmas. Recomenda que as tarefas pedidas devem ocupar um "máximo de 20 a 30 minutos" e que os horários devem incluir intervalos e tempo para os alunos tirarem dúvidas. E alerta para "o tempo de atenção dos alunos e a fadiga do ecrã, variável em função das idades". Nas recomendações sobre o ensino à distância, a UNESCO defende que as aulas online devem ter entre 20 e 40 minutos, consoante sejam do 1.º Ciclo ou Secundário.
Haverá ainda famílias que no sábado ainda não tinham recebido os horários, garante o presidente da Associação Todos pela Escola Pública (ATEP), André Julião.