O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, avisou que face à execução orçamental conhecida, o défice no final do ano poderá até ser superior ao verificado em 2015.
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"Tudo aponta para que o que temos à nossa frente seja um caminho que já não é de voltar ao défice do ano anterior, é de poder até ficar além desse défice", afirmou o ex-primeiro ministro.
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Discursando em Paços de Ferreira para cerca de 600 militantes que participavam num jantar de homenagem aos autarcas locais, Passos Coelho recordou que em junho de 2016 a diminuição do défice, face ao mesmo mês de 2015, era de 900 milhões. Um mês depois, acrescentou, esse valor diminuía para cerca de 500 milhões.
E prosseguiu: "Quando soubermos os números de agosto, vamos ver a que velocidade é que este Governo está a convergir para o défice do ano passado e vamos ver se não o ultrapassa, porque, o que temos daqui para a frente, por decisão do Governo, é um crescimento mais lento, que vai gerar menos receitas fiscais, e vamos ter mais despesa, que o Governo também já decidiu".
Exige-se ao Governo que "faça o próximo orçamento com um bocadinho mais de rigor"
Para o presidente do PSD, "uma vez que as coisas não estão a correr como planeado", exige-se ao Governo que "faça o próximo orçamento com um bocadinho mais de rigor" e que "possa apresentar aos portugueses, sem sofismas, sem habilidades, sem fazer de conta, sem joguinhos, aquilo que é realista e aquilo que se pode cumprir".
Muito aplaudido, o líder da oposição avisou depois a maioria de esquerda que suporta o Governo: "Não vale a pena andarem com conversa fiada, não vale a pena pensarem que tiram o cavalinho da chuva. São os partidos que suportam este Governo que têm a responsabilidade de apresentar e de aprovar um orçamento que vá ao encontro das necessidades dos portugueses e que solva as responsabilidades do Estado português".
Antes, Passos Coelho já tinha recordado que os dados sobre a execução orçamental até julho apontam para uma diminuição de quase 230 milhões de euros, face a 2015, na despesa com investimento público.
Onde estão todos aqueles que diziam que nós gastávamos pouco em investimento público
"Onde estão todos aqueles que diziam que nós gastávamos pouco em investimento público, onde estão essas vozes no PS, no BE e no PCP, que se incomodavam, que achavam que era uma vergonha o Estado gastar tão pouco no investimento público", questionou depois, num tom de voz mais elevado.
Passos recordou até que o seu Governo, "que passou por tantas dificuldades", investira mais do que "um Governo que hoje se diz de esquerda em Portugal".
"Hoje temos um Governo que diz uma coisa e faz outra, diz que acabou a austeridade, que o investimento público é relevantíssimo, mas faz como muita da despesa pública, empurra com a barriga, disfarça e vai adiando, para poder dizer que está tudo bem", declarou.
Responsabilizando o Executivo do PS pela diminuição no investimento, do crescimento económico e das exportações, segundo Passos, por se ter revertido muitas reformas, o líder social-democrata perguntou se "alguém acredita que um Governo orientado por um pensamento comunista, bloquista ou socialista cria confiança nos investidores, atrai o investimento e promove a riqueza".