O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu esta terça-feira que o desemprego gerado no setor da construção e das obras públicas era inevitável e considerou uma ilusão e um erro pretender reabsorvê-lo, por exemplo, através da reabilitação urbana.
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"Todos aqueles que acham que há medidas substitutivas disto para poder reabsorver este desemprego têm muita dificuldade em compreender a realidade. Não há nenhum substituto imediato e perfeito para aquilo que aconteceu com o setor das obras públicas e da construção. E se nós quisermos ficar a olhar para o passado, para um modelo que era simplesmente inviável e insustentável, estaremos a cometer duas vezes o mesmo erro", afirmou.
Numa conferência sobre política fiscal promovida pela rádio TSF e pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, Passos Coelho alegou que o setor da construção e das obras públicas "não era sustentável" e "tinha de ajustar, como ajustou" e, portanto, o desemprego gerado nesta área "só incidentalmente tem relação com a crise de 2011".
O primeiro-ministro referiu que "a estimativa é que pelo menos um terço do desemprego gerado tenha tido proveniência neste setor em termos diretos", ao qual se soma outro de atividades afetas: "E a área dos serviços, de um modo geral, representou mais de 30% também do desemprego gerado durante esse período".
"Nunca teremos dinheiro para poder financiar este tipo de atividade ao nível que ela registou durante mais de 15 anos. Portanto, quando olhamos hoje, por exemplo, para a reabilitação urbana que é preciso fazer, não é para substituir as obras públicas e o investimento que se fazia na área da construção e da habitação pela regeneração urbana. Isso não tem nenhum realismo", sustentou.
Segundo Passos Coelho, Portugal deverá investir em reabilitação urbana nos próximos anos, mas "isso nunca será um substituto nem nada que se pareça do que representou durante quase 20 anos obras e a construção civil na área da habitação".
"Não vale a pena ter ilusões quanto a isso, e quem tem estará a laborar num erro profundo", insistiu.