E se em Portugal houvesse um único círculo eleitoral, em vez das duas dezenas em que se divide o mapa? Os três primeiros destas eleições encolhiam e os restantes engordavam. E teríamos mais dois partidos no Parlamento: ADN e RIR.
Corpo do artigo
São recorrentes as chamadas de atenção dos chamados pequenos partidos quanto à falta de proporcionalidade do sistema eleitoral português. E pelo menos um deles (a Iniciativa Liberal), até propõe um redesenho, que inclua um círculo de compensação (como nos Açores), que ajude a tornar mais justa a distribuição de lugares no Parlamento.
Mas há uma outra hipótese menos falada, apesar de haver um ou outro caso no mundo democrático: um único círculo nacional, como acontece por exemplo nos Países Baixos (antes chamávamos-lhe Holanda), que até tem mais habitantes do que Portugal (18 milhões lá no norte, contra um pouco mais de 10 milhões aqui no extremo ocidental da Europa).
Aplicando o método de Hondt a esse hipotético único círculo nacional (e sem contar ainda com os círculos da emigração, que estão por apurar), a ordem pela qual os partidos ficariam colocados na tabela de deputados eleitos não se alteraria. Mas a proporção seria um pouco diferente e os mais penalizados seriam os três primeiros: a AD teria menos nove eleitos (70 em vez de 79), o PS menos oito (69 em vez de 77) e o Chega menos cinco (43 em vez de 48). Daí para baixo todos ganhavam. Dito de outra forma, com o sistema vigente, os três primeiros tiveram um “prémio” de 22 deputados.
Os liberais passariam de oito para 12, os bloquistas de cinco para 10 (seria o partido com maiores ganhos com um sistema eleitoral deste género), os comunistas de quatro para sete, tal como o Livre, e Inês Sousa Real deixaria de estar sozinha, com o PAN a chegar a quatro deputados.
Mas a Assembleia da República passaria também a ser um pouco mais diversa, uma vez que em vez dos atuais oito partidos (ou nove, se tivermos em conta que o CDS esteve integrado na AD, mas regressa ao Parlamento) passaríamos a ter dez (ou onze, com os centristas). A Alternativa Democrática Nacional (ADN), que tantas dores de cabeça deu ao centro-direita nas eleições deste domingo (por causa da semelhança com Aliança Democrática), teria sido capaz de se estrear com três deputados. E também o RIR, fundado por Tino de Rans, mas agora liderado por Márcia Henriques, lá teria o seu deputado único em S. Bento.