Durante o último ano letivo, quatro menores foram, em média, vítimas de bullying. As agressões físicas são as ofensas mais registadas pelos elementos do Programa Escola Segura da PSP, que lança, hoje, o Dia Mundial Contra o Bullying, uma campanha de sensibilização contra o fenómeno,
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Apesar de o número de agressões ter vindo a baixar ao longo dos últimos anos, a taxa de ofensas corporais verificada no ano letivo 2019/2020 é ainda demasiado elevada para a PSP, que pretende "fazer crescer o sentimento de intolerância e de rejeição para com as práticas de bullying".
Sem contar os três meses de confinamento, em que as escolas estiveram fechadas, o Programa Escola Segura da PSP registou 900 casos de agressões. No ano letivo anterior foram mais 250. Já em relação a crimes de ameaças e injúrias, a PSP contabilizou 589 casos, enquanto em 2018/2019 tinham sido 721.
"Registamos que, ao longo dos últimos anos letivos, as agressões físicas neste contexto têm mantido uma tendência constante de decréscimo, embora contrabalançada por uma subida sustentada das injúrias e ameaças [ver infografia]. Estas tendências parecem revelar que as vítimas e a comunidade reagem de forma mais precoce em relação a este fenómeno", adiantou ao JN fonte da PSP.
passividade
Quase nove em cada dez alunos (86,8%) do Básico ao Superior responderam num inquérito ter observado casos de ciberbullying durante a pandemia. E destes, quase metade (47,1%) assumem nada ter feito para parar a agressão. O estudo feito pelo Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE revelou que os estudantes LGBTI e de famílias de baixos rendimentos são as principais vítimas.
Hoje é o Dia Mundial Contra o Bullying. O Ministério da Educação lançou há um ano o programa "Escola sem bullying, escola sem violência" que assume terá sido "condicionado" pelo fecho das escolas e será "relançado" este ano letivo.
"O silêncio é cúmplice", sublinha Raquel António, coordenadora do estudo, alertando que os planos contra o bullying esquecem frequentemente os observadores, que por serem a maioria "têm de ser capacitados para intervir". Entre os quase 90% que responderam ter assistido a situações de ciberbullying, apenas 29,7% disseram "ter apoiado a vítima".
"Existem muitos perigos online e os jovens têm de perceber que uma partilha pode correr mundo em poucos minutos", frisa a investigadora. Terá sido o que aconteceu a uma das vítimas que respondeu ao inquérito: enviou a um amigo fotos de partes do seu corpo que acabaram num perfil falso nas redes sociais. Outro jovem revelou que partilhou uma foto sua e minutos depois começou a receber mensagens a pedir-lhe que a tirasse por "ser gordo". "Devias matar-te", disseram-lhe muitos.
seis horas na internet
Aos questionários online responderam, entre junho e julho, 485 alunos com mais de 16 anos, do Básico ao Superior, de todos os distritos. Quase metade (44,7%) respondeu passar cerca de 6 horas por dia na Internet nas redes sociais ou no canal YouTube. Mais de 60% disseram ter sido vítimas de ciberbullying durante a pandemia e 40,8% assumiram ser agressores, destes só 15,7% manifestaram sentimentos de culpa.