Dona Antónia Ferreira, "Ferreirinha". Assim se chamará a futura ponte do metro que irá servir a Linha Rubi (Casa da Música/Santo Ovídio), conjugando o nome da empresária ligada ao vinho do Porto e o diminutivo pela qual ficou popularmente conhecida. Este é o resultado da votação online, num processo que juntou o "Jornal de Notícias", as câmaras do Porto e de Gaia, e o Ministério do Ambiente, que tutela a Empresa do Metro.
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Haviam sido lançadas mais cinco sugestões. A lista resultou do trabalho de uma comissão formada pelos historiadores Amândio Barros e Helder Pacheco, o jornalista e investigador Germano Silva, o engenheiro civil Humberto Varum e o músico Rui Veloso.
O nome de D. Antónia Adelaide Ferreira (1811-1896) foi o escolhido. O próprio presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, tinha assumido essa preferência, por ser a "figura mais marcante". A designação evoca uma mulher inovadora para a época e que deixou obra.
Pelo caminho ficaram as outras sugestões. "Boa Viagem" tinha a ver com uma capela secular em Massarelos e a quem os homens do mar prestavam culto. "Douro" entrou na listagem por ser o nome que remetia para o rio, o grande elemento que determinou a identidade das terras. "Boa Passagem" evocava o cruzeiro com o mesmo nome e para o serviço das barcas.
Obra inicia em novembro
"União" assentava na antiga ligação entre Porto e Gaia e na unidade das gentes. "Engenheiro Joaquim Sarmento" seria uma homenagem ao autor de projetos emblemáticos, como o Estádio das Antas.
A solução vencedora teve de ser validada pela comissão composta pelo ex-presidente da Metro Ricardo Fonseca, pelo coordenador do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade, Fernando Sousa, e por Fernanda Ribeiro, professora na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Em maio foi lançado o concurso para construir a Linha Rubi. Os trabalhos na linha e no novo tabuleiro deverão avançar em simultâneo. O custo é de 435 milhões. Prevê-se que a obra seja iniciada em novembro e esteja pronta em 2026.
Empresária à frente do seu tempo
Mulher e empresária do século XIX. Ainda hoje é citada como exemplo no mundo dos negócios. Pelo arrojo e por se ter imposto num meio que era dominado por homens. Carinhosamente tratada por "Ferreirinha", nasceu no seio de uma família abastada, dona de um imenso património em que as vinhas se evidenciavam. Solidária com as famílias dos trabalhadores, D. Antónia tornou-se uma lenda também pela forma como se bateu em defesa do ramo vinícola, reclamando dos próprios governos. Empreendedora, deslocou-se a Inglaterra para trazer modernidade para o Douro, tanto no cultivo (combate à praga da filoxera), como na rentabilização. O seu dinamismo converteu-se em ganhos, mercê da exportação do vinho do Porto para destinos como o Reino Unido. A Quinta do Vesúvio foi uma das mais prósperas. Quando morreu, deixou fortuna e um império de quase 30 quintas.