Luís Montenegro acusou, esta sexta-feira, António Costa de "cobardia política, medo e falta de liderança" no caso da TAP, considerando que não tem capacidade para "pôr ordem na casa" e exigindo-lhe explicações perante declarações contraditórias entre ministros. Sobre o pedido de indemnização por parte da CEO que deve situar-se nos três milhões de euros, o líder do PSD diz que o Governo está a comprometer o interesse público e exige-lhe que justifique os despedimentos por justa causa.
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No ataque ao primeiro-ministro, a quem "falta liderança política" e "mão" num "Governo que não tem rei nem roque", Montenegro considerou que "António Costa está envergonhado com tudo o que está a passar ou então está comprometido". Em causa está o facto de vários ministros terem referido que havia um parecer para fundamentar a justa causa, mas não o poderiam divulgar, e de o próprio ministro das Finanças ter afirmado depois que não enviam o parecer porque não existe.
"O primeiro-ministro aceita que a ministra dos Assuntos Parlamentares diga uma coisa, o das Finanças outra, o das Infraestruturas assobie para o lado e a da Presidência corrobore a primeira? Isto é a confusão total", condenou o líder do PSD.
Considerando que foram anunciados despedimentos por justa causa do presidente da Administração e da presidente executiva "sem estarem minimamente justificados", o líder do PSD comentou o pedido de indemnização de Christine Ourmières-Widener que está a ser ultimado e que, segundo foi já noticiado em março, deverá situar-se nos três milhões de euros.
Ressalvando que não vai comentar "eventuais litígios", Montenegro afirmou que, "ao contrário do que alguns membros do Governo têm dito, o interesse público está tudo menos salvaguardado nas ações que o Governo tem vindo a fazer".
Governação "negligente e leviana"
O PSD insurge-se contra "esta incongruência, esta falta de coordenação", falando ainda de um Governo com "moral em baixo". "O Governo não tem hoje moral para se mexer, parece que tudo corre mal. Essa situação é criada com base no próprio Governo", considerou o presidente social-democrata.
Sobre a notícia de que o presidente da Parpublica vai entregar à comissão de inquérito a ata da assembleia geral que decidiu a demissão do CEO e do chairman, Montenegro insiste que é preciso conhecer "os fundamentos para a justa causa a 6 de março", acusando o Governo de ir procurando pareceres e fundamentação à medida dos objetivos, numa forma "negligente" e "leviana" de governar.
"PS começa a assumir vergonha"
Questionado sobre o facto de também os socialistas pedirem esclarecimentos ao Governo, comentou que "o PS já começou a assumir a tal vergonha de poder ser cúmplice de toda esta forma de estar e de comunicar com a Assembleia da República". E "talvez também seja isto que está a inibir o primeiro-ministro de falar".
Mas, avisou Luís Montenegro, "o primeiro-ministro não pode fugir às responsabilidades" e, como chefe do Governo, "tem de liderar" e "falar ao país" para esclarecer o caso da TAP aos portugueses. "Quando o chefe do Governo se esconde, o que pensam os portugueses?", questionou, insistindo que Costa "não dá a cara" pelos membros do seu Executivo. E, "se o primeiro-ministro acha que ainda não há matéria para se pronunciar, isso só pode significar cobardia política, medo e falta de liderança, e isso é muito mau para ele, para o Governo e para o país".
"Clube de militantes"
Além disso, "cada minuto de silêncio significa perda de autoridade, perda de credibilidade e perda de liderança na chefia do Governo".
"É um Governo em desagregação, sem coordenação, sem credibilidade e autoridade", prosseguiu, após criticar o Governo "sem rei nem roque, onde cada um diz o que quer" e os ministros "atiram responsabilidades uns para os outros".
Após repetir que os ministros deste Governo estão "diminuídos politicamente", Montenegro disse ainda que, "qualquer dia, o Governo passa a ser um clube de militantes do PS que, em vez de gerirem o país gerem apenas os interesses do partido".