Apoiantes do líder do PSD confiam que candidatura será anunciada em breve. Lembram que votam os militantes, mas as maiores distritais pendem para Rangel.
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O líder do PSD sofreu um rude golpe no Conselho Nacional de quinta-feira, com uma derrota com que não contava e o deixou abalado, ao ver chumbada a sua proposta para adiar as diretas. Ainda assim, deverá apresentar-se a jogo nos próximos dias, contra Paulo Rangel. Entre os seus apoiantes, espera-se que seja o mais rápido possível. E conta-se que consiga virar o tabuleiro, tal como aconteceu, há dois anos, quando Luís Montenegro avançou com o apoio das distritais de maior peso e, ainda assim, perdeu. Para já, Rangel conta com o apoio das maiores distritais, incluindo a do Porto.
Ninguém ganha o partido ganhando uma votação de uma proposta num Conselho Nacional
"Ninguém ganha o partido ganhando uma votação de uma proposta num Conselho Nacional", avisa o vice-presidente do PSD, Salvador Malheiro, referindo que, na quinta-feira, se pronunciou uma centena de conselheiros nacionais, enquanto nas diretas votam os militantes com quotas em dia (ontem eram 17 mil).
Salvador Malheiro está convencido de que os militantes das 300 secções do PSD não vão compreender porque avançou Paulo Rangel com uma candidatura, quando apoiou Rui Rio há dois anos, foi eleito conselheiro nacional pela sua lista e foi a escolha do líder nas europeias.
"É uma perfeita golpada", acusa, fazendo eco das posições assumidas pelos apoiantes de Rio no Conselho Nacional. "Foi posta a lógica interna à frente da lógica nacional", concorda um dirigente nacional, elogiando o currículo de Rio face ao de Rangel.
Para os apoiantes de Rio, o capital político obtido nas autárquicas "não pode ser desperdiçado por uma qualquer estratégia pessoal". Além de que, insistem, a fragilização do Governo é uma "oportunidade única" para o PSD se posicionar como alternativa.
"Enorme fragilidade"
"O risco de isto nos sair mal é enorme", concorda outro dirigente nacional, próximo de Rui Rio, convicto de que António Costa aumentou o seu poder negocial com a Esquerda devido à crispação interna no PSD, e que se atenuou o clima de crescimento do partido.
Na sexta-feira, à saída de Belém, Rui Rio reafirmou que está "muito preocupado" com a marcação de diretas para 4 de dezembro, devido à possibilidade de eleições antecipadas.
"O PSD colocou-se numa posição de enorme fragilidade. E a culpa não é da Esquerda nem da Comunicação Social. Foi uma decisão livre e própria do PSD", apontou, admitindo que abordou a situação do partido na audiência com o presidente da Republica. Porém, recusou confirmar se avança para um terceiro mandato, alegando que é "uma matéria exclusivamente interna".
A decisão de avançar estava tomada e não terá mudado, apesar de Rio ter ficado surpreendido com o resultado. Salvador Malheiro diz que o timing é do líder: "Espero que o anuncie o mais rapidamente possível. O partido e o país precisam dele".
Luís Filipe Menezes, ex-líder do PSD
Não tenho qualquer dúvida em apoiar Paulo Rangel e mobilizar tudo aquilo que puder. Aconselho que junte as pessoas
Guilherme Silva, ex-líder parlamentar do PSD
Os resultados autárquicos são um princípio de viragem face à situação do país. Não há motivos para Rui Rio não avançar