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Quando, nas legislativas de janeiro, o PS garantiu a maioria absoluta, contabilizando 41,37% dos votos dos portugueses, não faltou quem augurasse que António Costa teria mais e melhores condições para governar. Mas a cronologia destes seis meses de Governo (a tomada de posse aconteceu apenas no final de março) conta uma história distinta, de um Executivo que vai gravitando entre polémicas e improváveis tiros nos pés.
Ora o ministro das Infraestruturas anuncia uma solução para um novo aeroporto para depois ser categoricamente desmentido pelo primeiro-ministro. Ora há uma crise descontrolada nas urgências médicas, com vários serviços de obstetrícia a terem de fechar portas. Ora a ministra da Saúde se demite. Ora se contrata um controverso consultor de políticas públicas que nem aquece o lugar. Ora o ministro da Economia defende uma medida que acaba arrasada por colegas de Governo e antecessores. E a lista peca assumidamente por defeito.
O caso mais recente envolve a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa. Em poucas palavras, a história conta-se assim: duas empresas do marido da governante receberam fundos comunitários da área que tutela, a Iniciativa Liberal pediu a demissão da ministra, uma deputada socialista não gostou e apelou a que fosse retirado das atas e da gravação o momento em que foi pedida a saída da governante. Está tudo explicado aqui e aqui.
Está bom de ver que os partidos se enfureceram. E o PS acabou a pedir desculpa por aquela tomada de posição. Ou mais um capítulo rocambolesco neste manual de degradação de uma maioria absoluta.
Ainda em relação a notícias nacionais, saiba que o salário mínimo pode ultrapassar os 750 euros em 2023, que "está totalmente viabilizada" a inserção de um tabuleiro rodoviário na ponte do TGV sobre o Douro (perceba o que isto significa aqui) e que um aluno de 14 anos esfaqueou um de 18 numa escola de Águas Santas, na Maia.
Fora de portas, destaque para o facto de a União Europeia ter proposto um "novo pacote de sanções muito duras" contra a Rússia e para as revelações bombásticas de um jornal holandês, que denuncia alegados abusos sexuais cometidos por Ximenes Belo, ex-bispo de Díli e Prémio Nobel da Paz. Uma nota ainda para a aflição que se vive na Florida, onde o furacão Ian está prestes a chegar. Preveem-se "consequências catastróficas".
E se quiser uma leitura inspiradora para terminar o dia, não deixe de conhecer a incrível história da Nini, a menina que está a morrer e ainda assim não tem medo da morte (eu posso parecer suspeita, porque a escrevi, mas é mesmo incrível - e o mérito é só dela). Boas leituras!