Em território ferido de guerra, cada avanço no terreno vai desvendando novos quadros de horror. Na Ucrânia, as narrativas sombrias sucedem-se desde o arranque da ofensiva russa, numa sucessão de valas comuns e descrições de corpos onde sobram marcas de violência e perfídia.
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A denúncia desta quinta-feira, da polícia da região de Kharkiv, vem só acrescentar um episódio à galeria do inominável. Durante a longa ocupação pelas tropas de Moscovo da cidade encaixada a Leste, junto à fronteira com a Rússia, cidadãos ucranianos terão sido torturados com métodos tão medievos como a extração de unhas ou a serragem de dentes. "Espancamentos e eletrochoques foram os métodos mais usados", em câmaras de tortura para onde também foram empurradas crianças e adolescentes, contou Volodymyr Tymoshko, que lidera a Polícia Nacional na região.
Vladimir Putin, já se sabe, não se poupa a manifestações de força com colaboradores mais próximos, às vezes tornadas públicas, que dão conta do pulso de ferro próprio de um autocrata. Agora foi o vice-primeiro-ministro russo, Denis Manturov, o alvo da ira do líder do Kremlin, por causa do atraso na aquisição de aviões e helicópteros para uso civil e militar. Manturov até assegurou que estava "tudo preparado" e que havia contratos feitos. O presidente russo contrapôs: "Porque estamos a implicar um com o outro? Sei que não há contratos nas empresas, disseram-me os diretores. Porque está a fazer-se de parvo?".
Madrid deixou cair do ordenamento jurídico do país o crime de sedição, que criminaliza a ação daqueles que procuram contrariar a ordem estabelecida, mas o Executivo liderado por Pedro Sánchez tratou de assegurar, esta quinta-feira, que o ex-presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont, que se lançou a uma tentativa de independência em 2017, continuará a ter que prestar contas com a justiça, mantendo-se as acusações por peculato e desobediência.
A contrastar com a devastação e caos que, no domingo, varreram as sedes dos órgãos de soberania do Brasil, na capital federal, o Palácio do Planalto acolheu um espetáculo de música e dança dos povos indígenas e de matriz africana, na cerimónia de tomada de posse das ministras dos Povos Indígenas (Sônia Guajajara) e da Igualdade Racial (Anielle Franco).
De Lisboa, da reunião do Conselho de Ministros, chegam indicações de um maior escrutínio de quem vier a juntar-se ao Executivo. Aos futuros membros do Governo caberá o preenchimento de um questionário com 34 perguntas, divididas em cinco áreas, que contemplam potenciais conflitos de interesses e eventuais responsabilidades Penais. As figuras convidadas pelo primeiro-ministro terão ainda que fazer uma declaração de compromisso de honra. O anúncio foi feito pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e o jornalista João Vasconcelos e Sousa detalha tudo aqui.
Uma das mais consistentes coreógrafas portuguesas, Olga Roriz, apresenta, entre hoje e sábado, no Teatro Rivoli, a peça "Deste mundo e do outro", que concebeu para a Companhia Nacional de Bailado no centenário de José Saramago. Também no Porto, mas no Teatro Nacional de São João, estreia-se hoje "Uma casa portuguesa", com o encenador Pedro Penin, atual diretor do Teatro Nacional D. Maria II, a desarrumar normas e conceitos que persistem e a apontar holofotes para questões como feminismo, estudos de género e pós-colonialismo. Reflexões para atravessar a semana fria.