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Um direito humano foi (novamente) aprovado na tarde desta quinta-feira na Assembleia da República. A despenalização da morte medicamente assistida recebeu a aprovação de 128 deputados, a reprovação de 88 e uma mão cheia de abstenções. É matéria complexa, desconfortável? Certamente. Mas é (também) para navegações turbulentas como esta que se escolhem 230 representantes. O que nos leva ao ponto seguinte: no caminho, foi chumbada a proposta de referendo a esta despenalização. Tudo correndo de feição para o progresso social e humano, a escolha da forma como pretendemos partir não será obrigada a passar pela cobardia de um referendo, como sucedeu com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez (1998 e 2007). Por sorte e visão, ninguém neste país se terá lembrado, em 1761, de levar a referendo a abolição do tráfico de escravos na metrópole.
O certo é que o dia, embora tenha rolado num crescendo térmico mais propício a miudezas, agregou um punhado simpático de Grandes Questões. O sentido da vida e da morte, claro, mas também a notícia da descoberta de um sinal de rádio vindo de uma galáxia anã a três mil milhões de anos-luz deste calhau a que chamamos casa. O sinal, frequente, contraria o padrão de explosões irrepetíveis a que se encontra associado. Está aí alguém? Se sim, pode ser um pouco mais explícito?
[O crescendo térmico acima aventado não é brincadeira nem coisa de somenos: o fim de semana XL (ou XXL, se o leitor estiver em zona de influência antonina) que bate à porta promete temperaturas que podem raiar os 40 no interior centro e sul. Procurem-se saídas airosas.]
Irrespirável é a vida na Ucrânia, 106 dias após o início da barbárie putinesca. Por pragmatismo e/ou decência básica, a invasão tem motivado alguns sinais positivos da Polónia, num aparente realinhamento com os valores da parte democrática e menos populista da Europa. É nessa moldura, quiçá demasiado otimista, que merecem ser colocadas as críticas de Andrzej Duda, presidente polaco, à abundância de conversações com o líder russo por parte do chanceler Olaf Scholz e do presidente Emmanuel Macron.
De regresso a este ventoso canto do continente: em fim de semana de Primavera Sound, se o apetite do leitor não for muito dado a guitarras e indiezices, é correr pela noitinha, 1.30 horas, em direção à DJ e compositora eletrónica britânica Sherelle. A prestação vai ser saltitante, inclusiva, repleta de vida. Mais ou menos assim:
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