Para que serve a mulher do panado? "Panada". Esta é uma das piadas secas mais difundidas e que ainda ontem ouvi no meu programa favorito de rádio, o "Já se faz tarde" com a Joana Azevedo e o Diogo Beja.
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Por acaso, sou um fã destas secas e outras ouvi que não conhecia, bem melhores e elaboradas do que esta, que é básica, mas que aqui reproduzo basicamente porque é a única que me dá jeito para a crónica de hoje.
Para que serve a abstenção nas próximas eleições presidenciais? Para nada. Como sabe quem me acompanha aqui no JN, sou um militante radical contra a abstenção e não me abstenho de defender o voto obrigatório sempre que surge uma oportunidade. A abstenção numas eleições livres e universais considerada do ponto de vista individual nunca serve para nada, nunca adianta nada, não acrescenta nada, como regra geral acontece com todos os direitos que temos mas não exercemos.
Acontece que essa mesma abstenção individual quando somada e vista numa perspetiva global, de conjunto, já serve para promover o lado mau, o lado mais obscuro das eleições que não consagram o voto obrigatório. Com a agravante de não se valorizar a abstenção nas contas das percentagens finais. Com o truque semântico de só privilegiarem os votos "validamente expressos", na noite eleitoral somos ludibriados com percentagens obtidas que não têm nenhuma correspondência com o número de portugueses que votaram no candidato presidencial, ou no partido, sendo as eleições legislativas ou autárquicas.
No caso das eleições presidenciais em curso, está em perspetiva uma abstenção recorde e gigante. As filas a que assistimos na votação antecipada não revelam de forma nenhuma um súbito superinteresse nas eleições e essas imagens só vão contribuir para desmotivar os que já sentiam dúvidas sobre as condições de segurança garantidas para o próximo domingo. Imaginando que no conjunto dos votos antecipados, recolhidos ao domicílio (outro bluff) e entrados nas urnas no dia previsto, só votam 25% dos eleitores inscritos (confirmando-se uma abstenção a rondar os 75%), os votos de 3% de portugueses num dos candidatos vão permitir-lhe reclamar que teve 12%. Pela mesma razão, os 50% necessários para uma vitória na primeira volta correspondem ao voto de 12,5% dos portugueses.
Tirando aquele candidato que já assumiu publicamente que não quer ser o presidente de todos nós, qualquer outro que venha a ser eleito com 12,5% ou 15% dos votos devia ter alguma vergonha em anunciar-se como presidente de todos os portugueses.
Empresário