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Todos os dias somos confrontados com tentativas de estigmatização da comunidade imigrante, nas últimas semanas através de uma associação inquinada dos estrangeiros a focos de violência. Os dados oficiais contam-nos outra realidade, embora neste tempo de notícias falsas seja relativamente simples dar projeção a mentiras travestidas de informação que apontem em sentido contrário. Desde logo, nas redes sociais, onde além de existirem cada vez menos filtros, agora até é permitido a um qualquer político partilhar falsidades sem ter de as corrigir. Como é impossível verificar a veracidade de tudo o que é escrito, ou estamos realmente bem informados ou passamos a viver num multiverso semelhante à caverna de Platão, sujeitos a todos os perigos que advêm de nos guiarmos apenas por impressões. Ainda por cima, no atual contexto de radicalização global, até para mentir há quem seja bem treinado, pelo que se saúdam intervenções como as de Rita Alarcão Júdice, ministra da Justiça, e de Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária. A governante aproveitou a abertura do ano judicial para colocar a tónica na violência contra as mulheres, um iceberg de vergonha com uma pequena ponta a descoberto; o segundo destruiu, com conhecimento de causa numa conferência do DN, as narrativas que associam os estrangeiros a ondas de violência em Portugal. Esta é a melhor forma de políticos e titulares de cargos públicos combaterem a desinformação, o maior monstro da década, aproveitando a projeção mediática para colocar a discussão no quadrante certo. Só assim será possível evitar a queda na caverna para onde os radicais nos querem encaminhar.