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Este ou o próximo Governo, como todo o setor elétrico, serão obrigados a agir com a maior transparência e rapidez relativamente ao apagão, porque, até agora, só ouvimos desculpas esfarrapadas. A verdade virá ao de cima, até porque este apagão será analisado por tantos atores diferentes que qualquer responsabilidade será clara para o público. O Governo português está a conduzir uma investigação, o espanhol também. As instituições da área da energia de ambos os países criaram uma comissão conjunta. A própria União Europeia conduzirá a sua própria investigação. A Redes Energéticas Nacionais (REN) e a homóloga espanhola deverão produzir os seus relatórios. A associação europeia de operadores de rede também anunciou uma investigação. As empresas de eletricidade, seja EDP ou Endesa, são cotadas, pelo que terão de reportar aos seus acionistas e ao público os danos do apagão. Além disso, não se descartam processos judiciais. Ou seja, estamos condenados a saber o que aconteceu na segunda-feira, 28 de abril, às 11.33 horas, com absoluta precisão. Nesse dia, a rede estava a operar com uma grande quantidade de energia renovável, mas não mais do que nos outros dias. Registaram-se duas falhas separadas por 1,5 segundos. A empresa espanhola de energia, a REE, diz que a causa foi a produção de energia solar no Sudoeste de Espanha. A flutuação de voltagem fez com que os sistemas se desligassem em cadeia, como o quadro elétrico em casa. O evento por si só determina uma responsabilidade inevitável dos espanhóis da REE, independentemente da causa. Até que a origem da falha seja conhecida, ninguém está em condições de garantir que o apagão não poderá voltar a ocorrer.