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Sabemos que vamos a meio do ano letivo e que há eleições legislativas à espreita a 18 de maio, mas os portugueses, até para decidirem o seu voto, deveriam perguntar aos partidos o que pretendem fazer em relação à utilização de telemóveis nas escolas. Este Governo optou por dar a escolher às escolas se devem ou não seguir a recomendação de proibição no 1.º e 2.º ciclos. Até agora, apenas 2% das escolas proibiram a utilização de smartphones e, numa análise ainda muito rudimentar, os resultados têm sido positivos.Alguns especialistas defendem que o elevado consumo de conteúdos digitais pode estar na origem do declínio do desempenho escolar e da perda de certas competências que dependem do treino cognitivo. Há uma suspeita crescente de que não é apenas a distração que representam, mas também a forma como alteram a perceção e o processo de aprendizagem mental. No entanto, ver apenas os perigos das novas tecnologias pode ser muito redutor. Qualquer medida deve evitar abordagens maniqueístas que contrastam as tecnologias digitais com o ensino tradicional, até porque estamos no início de um debate em que faltam provas científicas. O problema não está tanto nas tecnologias em si, mas no conteúdo e nos usos que delas se fazem. Em geral, uma proibição total como método para prevenir o uso indevido não é uma boa solução, porque impede o potencial educativo. O debate deve centrar-se em como e quando os meios digitais são introduzidos na sala de aula. Até porque o Governo não andou a gastar milhões para equipar os alunos com computadores para depois não se aproveitar o potencial num mundo onde as novas tecnologias serão essenciais para as sociedades.