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O suicídio é um grave problema de saúde pública e todos os recursos que possam ser alocados são fundamentais para salvar vidas. O JN noticiou que há 20 anos que não se registavam tantos suicídios entre os jovens, sendo que a maioria deles foi de rapazes entre os 20 e 24 anos de idade. É preciso ter em conta que muitas das pessoas que tiram a própria vida não procuram tanto a morte, mas sim acabar com um sofrimento que para elas é insuportável. Estamos a falar de um fenómeno que não afeta apenas quem se mata, mas também irradia dor, culpa e trauma em muitos outros. Por cada suicídio consumado há 20 tentativas, sendo que cada morte afeta diretamente uma média de seis pessoas, segundo a OMS. A prevenção deve, por isso, estar entre os principais objetivos da estratégia de saúde mental do Serviço Nacional de Saúde. O suicídio é um tabu, o resultado de muitos anos de estratégia social errada em que houve uma espécie de acordo tácito para não se falar sobre o assunto publicamente, com a crença errada de que, ao fazê-lo, poderia causar um efeito de imitação.
Este silêncio não só impediu que a sociedade tomasse consciência do problema mais cedo, como também que aplicasse medidas preventivas eficazes. Felizmente, o Governo anunciou recentemente a criação de uma linha gratuita de prevenção do suicídio. Um pequeno passo, importante, mas que só promete entrar em funcionamento no início de 2025. A prevenção do suicídio exige uma intervenção decisiva em várias frentes. Vários estudos mostram que o sofrimento emocional está a aumentar, especialmente entre os jovens e adolescentes. A ansiedade e a depressão são os distúrbios que mais crescem. Contudo, os serviços de saúde mental não têm a dimensão necessária para dar uma resposta eficaz. E rápida.