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O Governo que ao fim de apenas quatro meses já tinha mudado 24 lideranças em organismos do Estado é o mesmo que segura a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, apesar de quase tudo correr mal no setor. Os problemas não são de hoje, é verdade, mas agravaram-se no ainda curto trajeto deste Executivo. A expectativa dos portugueses não era essa, porque, durante a campanha eleitoral, Luís Montenegro identificou a necessidade de uma intervenção rápida no sistema de saúde, prometendo um plano de emergência, que, efetivamente, foi apresentado. Os dois primeiros pontos do documento, que se divide em cinco grandes eixos de atuação, versam sobre a resposta a tempo e horas e a segurança de mães e bebés. Sendo impossível resolver tudo em meses, sabemos que a resposta de urgências e serviços de obstetrícia e pediatria falharam no verão e, nas últimas semanas, tivemos o caos absoluto no INEM, o que não augura nada de bom face à aproximação de novo período crítico nos hospitais, com a chegada do inverno. É desnecessário voltar a descrever as trapalhadas em que a ministra se viu envolvida desde o primeiro dia. O que começa torto tarde ou nunca se endireita. E o arranque de Ana Paula Martins ficou marcado por críticas violentas aos administradores hospitalares. O benefício da dúvida nada trouxe de bom. Ainda assim, Luís Montenegro mantém a confiança, sublinhando que não gasta energia a mudar pessoas. Olhando para as demissões nos primeiros meses deste Governo, parece mais fácil afastar alguém por ter sido nomeado noutra legislatura do que por incompetência. O problema é que não é apenas a energia do primeiro-ministro que está em causa, é a de todos os portugueses. Além da saúde.