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Claudine Gay, mulher negra e defensora da causa LGBTQA+, representava a face da diversidade e inclusão, ideais almejados na contemporaneidade. Porém, as acusações de plágio somadas ao comportamento controverso sobre antissemitismo numa sessão do Congresso norte-americano colocaram um fim abrupto na sua trajetória ascendente.
A sua renúncia à presidência da universidade de Harvard, depois de ter sido a primeira mulher negra a ascender a essa posição, nos 388 anos de história de uma das mais prestigiadas universidades americanas e mundiais, não é apenas um mero incidente académico, é reflexo evidente de mudanças estruturais que assolam o nosso tempo.
É verdade que a questão da atual guerra em Gaza acirra ânimos e extrema posições, mas este episódio transcende esse âmbito e revela graves contradições da atualidade. Por um lado, observamos avanços significativos em termos de representatividade, contra preconceitos históricos de raça, género e sexualidade; por outro, deparamo-nos com a corrosão da ética e da integridade, alicerces de qualquer sociedade digna.
Será que esta crescente mediatização (e consequente politização) das instituições académicas, outrora baluartes do saber e da imparcialidade, está a torná-las permeáveis aos caprichos da política e aos jogos de poder?
A história de Claudine Gay serve de crucial lembrete: o progresso verdadeiro é alcançado não apenas através da inclusão de diferentes vozes, mas também pela manutenção incansável de princípios éticos e morais.
É num exame contínuo e rigoroso dos nossos valores e ações que reside a chave para uma sociedade mais justa e íntegra, onde ética e integridade devem ser os faróis que nos guiam em busca de um futuro melhor
Vale a pena recordar palavras atribuídas ao filósofo grego Sócrates: “Uma vida que não é examinada não vale a pena ser vivida”.