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A comemoração, de arromba, é justa e merecida. O Sporting não era bicampeão desde a década de 1950. Venceu, com um empate, a “final” da semana passada no Estádio da Luz e mostrou-se competente no jogo de consagração, junto dos seus adeptos, enquanto o Benfica voltou a falhar e só não perdeu em Braga porque, numa extremidade, Trubin segurou tudo menos uma grande penalidade bem descoberta pelo VAR – o mesmo mecanismo, meio homem, meio máquina, que na ronda anterior não descortinou um penálti na área dos leões que todos viram da bancada – e, na outra, Pavlidis provou ser dos poucos que não se viram gregos no labirinto de dúvidas em que a águia se afundou a perder.
O Sporting é, porém, um campeão sem sombra de pecado. Mais jovem, mais fresco, mais forte e mais ideológico no sentido de ter sempre o golo como objetivo. Não é de hoje. Nas primeiras declarações, ninguém se lembrou dele, mas é impossível esquecer que a revolução verde tem num Ruben Amorim esquecido em Inglaterra o seu estratega. Basta dizer que Rui Borges ainda patinou quando tentou mudar o esquema tático, mas teve a inteligência de perceber que não se mexe no que está bem. O treinador está, por isso, de parabéns a dobrar. Ser líder também é ter a humildade de resistir à tentação do cunho pessoal metido à cunha. Soube dar um passo atrás. E, ao fazê-lo em função do interesse do coletivo que dirige, deu uma lição a todos os egocêntricos, reis ou peões, que se acham sempre mais importantes do que a soma das partes.