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As carências do Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão bem identificadas no relatório ontem divulgado pelo Conselho de Finanças Públicas. Menos consultas, aumento do número de doentes em espera para cirurgia e crescimento dos pagamentos em atraso. Estes dados, ainda assim escassos, a título de exemplo, fazem parte de um longo documento que merece reflexão.
Todos os dias somos confrontados com problemas nos centros de saúde e nos hospitais, são até um clássico de verão, pelo que importa, além de toda esta tendência justificadamente negativista, pensar no que aconteceria se não houvesse SNS. Mesmo com todos estes problemas, que se agravam e desagravam e agora com uma nova realidade demográfica - a percentagem de idosos na população portuguesa é uma das mais elevadas do Mundo - que consome ainda mais recursos, o SNS é uma grande conquista do pós-25 de Abril, uma garantia de acesso a apoio médico, independentemente da condição social, provavelmente o mais importante serviço público prestado às populações, que tem como pilar fundamental milhares de profissionais nem sempre bem tratados pelo Estado.
Mas é fundamental que assim se mantenha, como serviço público, tendencialmente gratuito, porque qualquer deriva na direção da privatização, à boleia dos liberalismos-proveta do século XXI, acabará por penalizar aqueles que não têm possibilidades de pagar bons seguros, porque vivem da reforma ou de salários no limiar do insultuoso, apesar de trabalharem muito. O SNS não é perfeito, é obrigação do Governo torná-lo mais eficaz, mas é o melhor que temos.