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A primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior encerrou ontem com excelentes indicadores para o país. Pelo quarto ano consecutivo, o número total de jovens que pretendem prosseguir os seus estudos nas universidades e politécnicos públicos terá superado a fasquia dos 60 mil candidatos.
Este valor recorde de candidatos significará que os jovens portugueses estão a ler melhor a realidade do que muitos comentadores, reconhecendo que o seu sucesso futuro está cada vez mais dependente do nível de qualificações. Contrariando algumas opiniões mesquinhas sobre a mais qualificada geração de sempre, os jovens parecem compreender melhor do que muito adultos que o conhecimento nunca é demais.
Infelizmente, no nosso país, até nos estratos mais elevados da sociedade, a meritocracia é um valor muitas vezes apregoado, mas raras vezes aplicado. Ao invés de se promover a diferenciação dos mais capazes - a única forma de promover o desenvolvimento do país! -, muitos parecem querer nivelar a nossa sociedade por baixo, fomentando as ineficiências e a falta de competitividade de sempre.
Esta visão do país e da sociedade tem tido consequências evidentes nos rankings internacionais de competitividade, onde Portugal é consecutivamente ultrapassado por países que, apesar de heranças ainda mais dramáticas do que a portuguesa, possuem elevadíssimos níveis de escolaridade da população, conseguindo agora atingir melhores índices de crescimento económico e social.
Tenho para mim que, numa sociedade moderna, a igualdade se institui com a criação de oportunidades de desenvolvimento para todos e não pela apologia de sistemas sociais que apenas promovem a manutenção de baixos níveis de literacia, inovação e produtividade.
É por isso bastante reconfortante perceber que os nossos jovens não se deixam influenciar por conceções sociais retrógradas e continuam a apostar na sua formação académica. Talvez assim se cumpra o desígnio de construirmos uma sociedade com níveis de desenvolvimento que garantam um futuro com maior dignidade para todos.