Em França, Macron debate-se com as manifestações contra o aumento da idade da "retraite" (reforma) dos 62 para os 64.
Corpo do artigo
Na Alemanha, começam-se a discutir as indemnizações eventualmente devidas pelo Estado e pelas multinacionais farmacêuticas às vítimas dos danos colaterais das vacinas contra a covid. Por cá, despedimo-nos do comendador Rui Nabeiro que chegou aos 91 anos sem deixar de trabalhar enquanto pôde.
Escolhi estes três exemplos flagrantes da atualidade porque me parece que espelham bem as diferenças entre três países de uma Europa em que nos gostam de dizer que avança a todo o vapor e a uma só e mesma velocidade. Quem acredita nisto devem ser os mesmos que acreditam que Vladimir Putin ficou aterrorizado com a sentença condenatória do Tribunal Penal Internacional...
Em relação à idade da reforma, mesmo que ela tenha recuado alguns meses por causa da forte mortalidade derivada da pandemia, é incrível assistirmos à polémica em terras francesas por causa do Governo de Macron querer subir a idade da reforma dois anos, para um patamar que ainda fica mais de dois anos antes do nosso. Atenção que segundo julgo saber também em França a reforma só é assunto depois dos mesmos 40 anos de descontos, que cá igualmente se exigem, sendo por isso que o que está no centro da discussão é a idade a partir da qual os franceses se podem reformar sem penalização.
Como por cá também temos tido vários fins de semana de manifestações consecutivas, mas por outras razões e com outros objetivos, até apetece dizer que o nosso bom povo português está de alma e coração com o exemplo de Rui Nabeiro, que trabalhou o melhor que pôde até nos deixar aos 91 anos. Que é o mesmo que pensar que a nova tendência internacional do "quiet quitting" (que traduziria livremente para trabalhar o menos possível e só o que for estritamente obrigatório) também ainda está longe de chegar a Portugal e afetar os trabalhadores portugueses.
Já no que toca às eventuais indemnizações pelos danos colaterais das vacinas contra a covid (que na Alemanha têm subido vertiginosamente), aqui pela nossa terra nem é assunto.
É possível por isso defendermos que pelo menos entre Portugal, por um lado, e a França e a Alemanha, por outro, temos uma Europa que não avança à mesma velocidade. O que não deixa de ser curioso e original (ou não estivéssemos a falar de Portugal) é que essa diferença também varia em função do tema. Se no caso das "retraites" podemos dizer que já os ultrapassamos pela esquerda a grande velocidade, no caso das indemnizações da Alemanha, continuamos a rolar quase parados, prestes a perder de vista os nossos parceiros. E quanto a eventuais indemnizações, claro que já são uma miragem.
*Empresário