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O crescimento da extrema-direita, agora em júbilo com a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, obriga a estarmos vigilantes, porque o perigo de um retrocesso civilizacional existe, face à proliferação de tendências que até há pouco tempo julgávamos enterradas. Do racismo latente sempre que são discutidas questões sobre imigração ao paternalismo fascista quando o tema do aborto entra em cena, sobram vontades de regressar a um passado que violava os mais básicos direitos de classes e grupos sociais. As mulheres, por exemplo, lutaram e ainda lutam por equidade, nos salários, no acesso a cargos de chefia, até na liberdade de fazerem o que querem com o próprio corpo, mas os mesmos que aprovam quotas vivem obcecados por lhes vedar a possibilidade de abortar. A discussão está fresca na memória de todos, sobretudo depois do intenso debate durante a campanha para as eleições nos EUA. Por cá, também temos problemas gravíssimos. Bem visíveis nas 15 mulheres que morreram na sequência de episódios de violência doméstica. São números brutais, registados de janeiro a setembro deste ano, ainda mais preocupantes se verificarmos as cerca de 23 mil queixas apresentadas no mesmo período. É por isso que o dia de amanhã é tão importante, pelo menos em termos de sensibilização. O 25 de Novembro não é dia para comemorações. Sob a chancela da ONU, é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Comemorações, só quando não houver necessidade de assinalarmos este dia.